Estivemos em dois dos mais importantes centros de pesquisa e desenvolvimento da Huawei na China: Shenzhen e Pequim.
A Huawei convidou jornalistas de todo o mundo para uma visita a dois dos seus centros de pesquisa e desenvolvimento para mostrar a visão para o futuro dos smartphones.
Criada em 1987, na zona económica espacial de Shenzhen a paredes meias com Hong Kong, a Huawei foi uma das empresas na linha da frente da modernização da infraestrutura de telecomunicações da China que ocorreu no final do século XX. Mas foi apenas em 2003 que foi criada a divisão responsável pelo desenho e fabrico de smartphones. O primeiro produto comercial, o C300 acabou por chegar ao mercado em 2004. Em quinze anos, a empresa chinesa passou de outsider num mercado dominado por marcas como a Apple e a Samsung, ao terceiro lugar do ranking de fabricantes de dispositivos móveis, e está presente em mais de 170 países. O nome ‘Huawei’ é composto por dois caracteres chineses. O primeiro quer dizer ‘flor’, representada no logo da empresa, mas também pode querer dizer ‘China’. O segundo significa ‘acção’ ou ‘conquista’. Por isso, literalmente, ‘Huawei’ quer dizer ‘conquista da China’ ou ‘conquista Chinesa’.
DE D VOLTA À UNIVERSIDADE
A poucos dias do lançamento do mais re recente smartphone topo de gama da em empresa, o P20, estivemos em dois dos mais im importantes centros de pesquisa e desenvo volvimento da Huawei em Shenzhen e em Pe Pequim onde pudemos ver alguns aspectos do dos vários passos de controlo de qualidade po por que passam todos os modelos fabricados pe pela marca chinesa. Em Shenzhen está sit situada a ‘Universidade Huawei’, onde estão reunidos muitos departamentos da empresa, em vários edifícios espalhados por uma área de dois quilómetros quadrados. Estes vão desde a contabilidade geral, até à formação dos empregados que trabalham nas fábricas e nas subsidiárias de todo o mundo, passando por uma forte componente de pesquisa e desenvolvimento de produtos. Nestas instalações trabalham sessenta mil pessoas, entre população fixa e os empregados que vêm para acções de formação. Além das áreas de trabalho, na Universidade da Huawei há acomodações, instalações desportivas e dezenas de restaurantes que oferecem comida de todo o mundo. Por ano, a marca recebe, só para aqui, cerca de 150 mil candidaturas para emprego – contudo, apenas dez mil pessoas são contratadas.
O INVESTIMENTO EM PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
Foi aqui que vimos o P20 Pro, o mais recente smartphone que a empresa apresentaria em Paris duas semanas depois. Apesar de ser já uma unidade de produção final, para evitar ‘spoilers’, tudo foi feito sob um manto de secretismo: não se podia fotografar e só tivemos poucos minutos para o poder ver.Numa conferência organizada pela Huawei (entre uma grande quantidade de números acerca de facturação, lucros e de investimento em pesquisa e desenvolvimento, que já chegou aos 450 mil milhões de dólares em dez anos) ficámos a saber
NESTE MOMENTO, O FOCO PRINCIPAL DO DESENVOLVIMENTO É BATER A CONCORRÊNCIA NA CHEGADA AO MERCADO DOS EQUIPAMENTOS 5G.
‘HUAWEI’ QUER DIZER ‘CONQUISTA DA CHINA’ OU ‘CONQUISTA CHINESA’.
que a marca está a desenvolver uma linha de smartphones com ecrã flexível que devem chegar ao mercado nos próximos anos, talvez daqui a duas gerações: em 2020 ou 2021. Mas, neste momento, o foco principal do desenvolvimento é bater a concorrência na chegada ao mercado dos equipamentos 5G: a Huawei já anunciou que o primeiro equipamento para as novas redes será posto à venda em 2019.Durante esta viagem, ficámos também a perceber um pouco mais sobre a organização interna da empresa. Ao contrário de outras tecnológicas, que normalmente se centram à volta da visão de uma única pessoa, seja ela um CEO eleito pelos accionistas (como na Microsoft, Facebook ou Oracle), na Huawei existem três CEO que se vão sucedendo ao longo do tempo para “refrescar” a estratégia da empresa.
TESTAR SMARTPHONES EM PEQUIM
Na segunda parte da nossa viagem pelo “planeta Huawei” fomos aos laboratórios onde são testados e certificados todos os equipamentos da marca, com testes feitos à componente mecânica e electrónica. Nos primeiros, experimenta-se a resistência do ecrã tanto ao toque como à queda, a resistência à água, frio e calor, através de câmaras especiais onde são simulados particamente todos os tipos de condições climatéricas sob as quais os telefones podem ser utilizados. Nestas instalações há ainda uma sala onde está uma caixa de madeira cheia de telefones que estão a tocar continuamente 24 horas por dia, só para ver quanto tempo é que o sistema de som aguenta. É esta uma das formas que a Huawei usa para testar a resistência dos altifalantes. Nos testes de electrónica, os engenheiros g olham, ,p principalmente, p , para o desempenho dos componentes como as motherboards e baterias. Os testes são feitos de forma contínua, em bancos de testes, onde estão instalados centenas de dispositivos ao mesmo tempo, monitorizados remotamente a partir de uma sala de controlo onde se consegue saber logo quando uma unidade falha e por a razão pela qual falha. Ainda no campo da electrónica, há os testes às antenas em câmaras isoladas para analisar a forma como o sinal se propaga e como o dispositivo o recebe em várias posições, e com várias formas de o agarrar. Para tal, existem vários tipos de modelos de mãos e cabeças (que simulam a densidade do corpo humano) que são colocadas dentro dessas câmaras quando os telefones são testados.
DESAFIOS FUTUROS
No final da visita tivemos tempo de dar uma vista de olhos à sala onde se analisam as ameaças de segurança a que os dispositivos podem estar sujeitos. Nessa sala trabalha um conjunto de pessoas que parece tirado de um episódio de Mr. Robot; aqui, num grande ecrã instalado numa parede, vêm-se as últimas ameaças detectadas e as respectivas formas de ataque.A Huawei chegou longe em relativamente pouco tempo, mas a empresa tem à sua frente muitos desafios, que começam pelas dificuldades na entrada no mercado dos EUA, através dos operadores locais. Esta intenção tem sido vedada por suspeitas dos serviços secretos americanos de que as ligações dos fundadores ao exército chinês indiciem que a empresa possa ser uma espécie de ‘Cavalo de Tróia’ para “espiar” comunicações ao mais lato nível ou mesmo sabotar a infraestrutura do país liderado por Donald Trump.