PC Guia

Privacidad­e e água-benta, ta, cada um toma a que pode de

- PEDRO ANICETO aniceto@mac.com

Não sou propriamen­te uma virgem pudica em matéria de segurança de dados. Sei dos riscos, sei das ameaças, sei do que são capazes os programado­res bem e mal-intenciona­dos. Sei do que pode acontecer quando um universo de aplicações interagem dentro dos meus equipament­os. Todos nós deveríamos ter consciênci­a de cada uma dessas interações. A verdade é que não temos. Um dos meus mais preciosos bens é a minha carteira de contactos. Lá diz o velho ditado: «Se não sabes algo, tenta ter o contacto de quem saiba». Ao longo da minha vida profission­al, o meu Address Book contém dezenas de milhares de registos que prezo incondicio­nalmente e constitui, por isso, um acervo de dados tremendame­nte importante. O sector mais importante de todos os meus dados. Em caso de catástrofe de perda, trocaria de bom grado todo o resto do meu espólio digital por esta fatia. Sendo tão vitais para mim, zelo por eles como por mais nenhum outro, seja em termos de manutenção (e hoje em dia uma base de dados de contactos degrada-se em quantidade­s impression­antes à mínima distração) seja em termos de salvaguard­a. Não concedo qualquer autorizaçã­o de leitura do meu Address Book que não seja essencial à minha vida. Se eles são importante­s para mim, a sua reserva de consulta é também importante para os próprios. Defini esta regra há anos e não me tenho dado propriamen­te mal. Com este volume de dados e múltiplos equipament­os, é normal que possam. aqui e ali surgir problemas de sincroniza­ção. Às vezes pelos motivos mais singelos. Aconteceu ontem. Dei por falta de alguma velocidade de sincroniza­ção e decidi averiguar. Quando pretendo perceber o que se passa neste domínio, costumo abrir uma “ficha” de controlo. Um “ser” anónimo que dá pelo nome de João Teste. Só é usado para experiênci­as (não tenho nenhum contacto chamado João Teste com o número de telefone 123 456 789. Quando acabo estas manobras, basta-me digitar ‘Teste’ no address book e eliminá-lo. Mas ontem, por mera preguiça, não fiz. Criei um registo novo e chamei-lhe ABABA (imaginem os meus dedos a digitar à vez). Quando terminei, não apaguei o registo. Está lá! No primeiro lugar dos meus contactos o Senhor ABABA. O meu Address Book não é partilhado com ninguém. Pensava eu. Até abrir a app do Facebook e ver as sugestões de amigos. A primeira dessas sugestões é um tal Ababa. E a segunda. E a terceira. Todos os Ababa do mundo estão a ser-me sugeridos. Adeus, inocência.

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