Não és tu, é o RGPD
Maio foi um mês doloroso. Para quem tinha milhares de leitores nas newsletters e de repente se viu com meia dúzia, deve ter sido difícil.
Já é mau quando levamos uma nega, mas quando levamos com um monte delas, ainda por cima por email, dói um bocado na autoestima.
Esta hecatombe social e emocional, designada ‘RGPD’, foi boa. Por um lado, porque nos obrigou a olhar para o nosso percurso digital. Por outro, recordou-nos que subscrevemos aquele programa de exercícios para perder peso e ganhar músculo depressa há cinco anos, e não o seguimos. Que deixámos de ler um monte de blogs e sites relacionados com projectos e sonhos ainda por cumprir. #fail.
Ou que ainda tínhamos conta no MySpace, que parece que só tem um utilizador activo que amiga toda a gente e deixa comentários em fotos de utilizadores que não usam a rede há mais de dez anos, porque sim.
Já nem o Tom lá anda, o que é um bocado triste, mas acho que toda a gente sonha em viver numa cidade deserta, e este rapaz parece adorar o seu estranho passatempo. MySpace, o sítio onde as redes sociais nasceram e os amigos virtuais ficaram para morrer.
Imaginem um RGPD para todas as pessoas que conheceram ao longo da vida, com definição do grau de relacionamento, com impedimento de partilha de informações com terceiros, com possibilidade de definição de frequência de contacto.
Com possibilidade de deixar de subscrever muitas delas, com valor de lei. Sem conversas estranhas, apenas um email e um formulário: «A culpa não é tua, é do RGPD».
O nível mais interessante seria o das ex-namoradas, e o mais previsível: nenhuma delas quer saber das minhas novidades, e não as levo a mal por isso. Somos apenas amigos no MySpace.