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Sincroniza-me, que eu gosto

- PEDRO ANICETO aniceto@mac.com

Em 1998, era um simples Gestor de Produto nesta indústria, recebi uma apresentaç­ão que tive por obrigação aprender para poder replicar. Não era nada do outro mundo na verdade havia lá dois ou três slides que me fizeram suspirar e dizer para com os meus velcros «Pois, ‘tá bem, abelha!». Era 1998 e ainda tinha de andar à procura de um cabo de telefone para me ligar, a sincroniza­ção não passava de um sonho ousado e eu tinha ali três quadros que me diziam que o futuro ia ser todo sincroniza­do e integrado. E, na verdade, os homens tinham razão. Seja lá quando tiver sido que o “futuro” me entrou pela porta dentro (o futuro tem esta mania de entrar pelas portas sem se fazer anunciar - nem uma cartinha, nem um press release…) tomou conta de nós todos, integrando tudo e mais alguma coisa, mesmo até o que por vezes não queremos. Há anos que me libertei do papel. Tenho ao meu lado uma impressora que já não vê um cartucho de tonner há anos, o meu scanner de secretária foi lentamente substituíd­o por uma app no telefone e a minha última luta de integração foi com calendário­s entre OS X e Exchange com pitadas de Outlook. A bem dizer, já consegui vencer a última fronteira da minha integração e sincroniza­ção com utilizador­es de múltiplas plataforma­s e “flavours”. Gostava que a Google desse uma ajudinha nesta matéria, acelerando a velocidade de sincroniza­ção entre os “meus” calendário­s e os deles, mas espero viver os anos suficiente­s para ver isso acontecer. São grandes, mas também são lentos, coisa que acontece um bocado aos dinossauro­s que por vezes se “apagam” sem deixar rasto. Vinte anos depois, a minha única dependênci­a é de energia eléctrica para que nada se me interrompa. Vinte anos depois já ninguém abre a boca de espanto com novidades tecnológic­as e quando acontecem dedicamos-lhe apenas alguns minutos da nossa existência. Estamos integrados, sincroniza­dos, e até bastante formatados. Já pouca coisa nos surpreende. Somos notificado­s, já ninguém nos diz «Eh pá! Tu sabes lá o que aconteceu ontem no Burkina!». Temos a época do novo telefone, do novo tablet, dividimos os gadgets entre grandes e pequenos. Isto está de tal maneira, que até a marinha espanhola, que cometeu um erro brutal num projecto de um submarino que tinha problemas complexos de manobra, teve de aumentar a estrutura de quatro navios em dez metros. Se originalme­nte se chamavam S-80, adivinhem lá como se passaram a chamar os submarinos depois do acrescento. S-80 Plus…

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