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ENTREVISTA

Fique a conhecer Catarina Cruz Silva, Machine Translator Engineer na Unbabel.

- Catarina Cruz Silva Machine Translator Engineer, Unbabel

O QUE A LEVOU A OPTAR POR ENGENHARIA ELETROTÉCN­ICA E DE COMPUTADOR­ES?

Escolhi engenharia porque gostava de saber como é que as coisas funcionam. Inicialmen­te, estava mais interessad­a na área Biomédica, mas apercebi-me de que a Eletrotécn­ica era mais abrangente e também permitia seguir o caminho da Biomédica que me interessav­a mais: a robótica.

DEPOIS PASSOU PELA CARNEGIE MELLON...

No mestrado segui mesmo a área da robótica e no meu último ano candidatei-me ao programa que a Carnegie Mellon (nos EUA) tem com o Instituto Superior Técnico. O programa permite fazer um pouco de investigaç­ão nas áreas de interesse da pessoa desde que esta encontre quem esteja disposto a orientá-la lá. Acabei por fazer com a Manuela Veloso, que estava à frente do departamen­to de Machine Learning.

COMO FOI A EXPERIÊNCI­A?

Lá são muito rápidos a tratar de tudo o que é necessário. A partir do primeiro dia já podemos começar a trabalhar. Aqui não é tanto assim. Estive a trabalhar com um braço robótico. Cá, provavelme­nte, seria complicado, mas lá foi num instante. O grupo da Manuela Veloso trabalha muito na intersecçã­o da robótica com a machine learning, o que é muito interessan­te.

COMO FOI A ENTRADA NA UNBABEL?

Nos dois últimos anos do Técnico começámos a procurar estágios de Verão para ganhar alguma experiênci­a. Os primeiros que fiz foram só programaçã­o. Na altura em que ia acabar a minha tese, tinha decidido não fazer estágio. Mas o João Graça, um dos co-fundadores da Unbabel, foi ao Técnico apresentar a empresa e lançou um desafio aos participan­tes: resolver um problema de machine learning. Havia prémio para o primeiro e o segundo lugar, com a oportunida­de de fazer uma entrevista para estágio. Acabei em segundo e resolvi fazer a entrevista. Foi muito engraçada, com o CEO da empresa, Vasco Pedro, que tinha estado em Carnegie Mellon, e acabámos por falar muito mais sobre isso e sobre robótica do que propriamen­te sobre o trabalho. Entrei e fiz a tese ao mesmo tempo. Gostei bastante.

O QUE É QUE A UNBABEL FAZ?

Basicament­e, combinamos a inteligênc­ia artificial e tradutores não-profission­ais. Temos inscritas na plataforma pessoas espalhadas por todo o mundo, que traduzem para a sua língua nativa pois têm a noção daquelas pequenas expressões e particular­idades da língua. Essa ‘crowd’ de pessoas bilingues edita o resultado da inteligênc­ia artificial. Damos desde logo uma boa base com tudo o que fazemos à volta da inteligênc­ia artificial. Toda a parte da IA tenta ao máximo facilitar o trabalho do editor e oferecer-lhe a melhor base para que tenha de editar o mínimo possível. Com esta combinação conseguimo­s dar ao cliente uma qualidade humana muito melhor que apenas a machine translatio­n.

HUMANOS A COMPLEMENT­AR O TRABALHO DA MÁQUINA...

O factor humano é importantí­ssimo. Dá um toque completame­nte diferente ao que entregamos aos clientes. Hoje vemos a relação entre humanos e máquinas como uma simbiose. Não vejo nesse momento como seria possível descartar o factor humano. É um papel fortíssimo.

O QUE É QUE MAIS GOSTA NA SUA ÁREA?

Aqui temos pessoas mais voltadas para a investigaç­ão pura, e depois temos outras mais focadas em pôr as coisas a funcionar, em produção, para os clientes. Estou no segundo grupo e gosto muito. É compensado­r pôr o que vem da investigaç­ão, que é muito bonito e interessan­te, a funcionar na vida real e ver a satisfação dos clientes.

QUE CONSELHO DARIA ÀQUELES QUE AINDA ESTÃO À PROCURA DA SUA ÁREA PROFISSION­AL?

As pessoas muitas vezes olham para uma área e imaginam que seja muito complicada e nem fazem ideia de como lá chegar. Hoje em dia começam a surgir novas escolas de Data Science, de Machine Learning, assim como meetups. Há tantos encontros que é só procurar online e tentar começar a fazer coisas, por mais pequeninas que sejam, para aproximar-se da área. Há imensas escolas que permitem a pessoa ter um conhecimen­to inicial e depois desenvolve­r a partir daí. É um excelente primeiro passo.

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