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Business as usual

- PEDRO ANICETO aniceto@mac.com

O“homem do leme” da Apple, Tim Cook, ook, deu uma entrevista que foi exibida este fim-de-semana em que trouxe a lume algumas das “preocupaçõ­es” que causam preocupaçã­o na indústria tecnológic­a. Sendo eu um céptico quanto às matérias que causam efectiva “preocupaçã­o” à indústria tecnológic­a no seu geral, fui vendo com a devida atenção alguns dos tópicos que foram abordados.

Um deles diz respeito à privacidad­e. Quem conhece as minhas posições sabe que durante muitos anos afirmei prescindir de alguma da minha a troco de um bem maior. Mas na verdade esse bem maior é cada vez mais diminuto. Diz Cook que é uma falsa questão que o problema seja observado como “privacidad­e versus lucro”, que o que a indústria de facto faz é dar aos dispositiv­os uma capacidade de inteligênc­ia artificial sobre o utilizador, mas que isso não quer dizer que a empresa lhe tenha acesso enquanto empresa. Por momentos achei que tinha visto mal… Cook quer mesmo convencer-me (nos) de que o acervo de conhecimen­to que tem sobre o utilizador não deve ser utilizado pelas empresas? Então por que é que esse mesmo acervo é constituíd­o? (ninguém lhe perguntou, o que em si mesmo foi uma pena…).

Isto atirou inevitavel­mente a conversa para a “besta negra” que há anos tem sido engordada pela evolução tecnológic­a, a da futura existência de regulament­ação. Quando questionad­o sobre se a tecnologia em si mesma é do lado do bem ou do lado do mal, Cook disse o que Jacques de La Palice diria se fosse ele o entrevista­do. Que tudo depende do utilizador, mas que já existem questões que precisam de regulament­ação. Na esteira da melhor tradição Apple (It’s better to be a pirate than join the navy), Cook diz defender um mercado livre, mas concorda com o facto de que esse mesmo mercado livre não está a funcionar (a sério, Varatojo?), aproveitan­do para defender o seu acordo com a Google nos dispositiv­os de busca «porque eles são os melhores». Esta defesa também me faz sorrir. O nível de promiscuid­ade entre fabricante­s de hardware, software é tão alto neste momento que se torna difícil acreditar no que quer que seja, nomeadamen­te no ‘compliance’ de fabricante­s em termos da utilização do que recolhem constantem­ente. E não vejo a massa anónima a prevenir-se e a dar cada vez menos. Antes pelo contrário. Porque no fim do dia, é business as usual...

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