ALUNOS BEM FOCADOS
Atenção, professores: já há uma tecnologia para medir o foco dos vossos alunos durante uma aula. Bem, se calhar não será uma ciência exacta, mas aquilo que a equipa de investigadores em Sistemas Inteligentes da Universidade de Aveiro conseguiu desenvolver pode ser um princípio. «Somos capazes de monitorizar o foco de cada um dos estudantes ao longo de uma aula». Segundo Daniel Canedo que, juntamente com António Neves, ambos investigadores do Instituto de Engenharia Eletrónica e Informática de Aveiro (IEETA), assinam o projecto, a tecnologia «engloba uma câmara instalada na sala para captar toda a plateia ao longo da aula» cuja imagem é «enviada continuamente para um servidor que detecta e reconhece as caras dos alunos». Este reconhecimento facial pode ser feito com recurso a duas opções: «As caras podem ser previamente registadas no sistema, atribuindo-lhes a identificação real, ou reconhecidas em tempo real, associando um ID virtual a cada aluno», explicam os investigadores, que acrescentam a forma como é feita a avaliação do foco: «Depois de todas as caras estarem identificadas, o servidor extrai os dados necessários para estimar o foco com que os estudantes estão ao longo da sessão». A pose da cabeça de cada aluno/pessoa é calculada pelo sistema tendo em conta um «conjunto de características retiradas da face, previamente detectada na imagem, por forma a estimar para onde estão a olhar». Os dois investigadores seguiram o caminho desta análise tendo em conta um estudo conjunto do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe (Alemanha) e da Universidade de Carnegie Mellon (EUA) que concluiu que a «pose da cabeça contribui em 88,7 por cento para o foco de um participante». Mas a tecnologia de detecção do foco dos alunos em sala de aula não se fica por aqui: o sistema pode inclusive analisar os olhos e fazer uma «estimativa do local para onde estão orientados». E, claro, esta não é uma investigação que esteja limitada às salas de aulas. Por exemplo, a tecnologia criada por Daniel Canedo e António Neves pode ser aplicada em «congressos, palestras ou em qualquer outro tipo de acontecimento com público e oradores». Contudo, antes que se comecem a levantar vozes contra este suposto controlo excessivo de uma plateia, os dois investigadores esclarecem os objectivos: «O trabalho permitirá ao professor, por exemplo, perceber em que partes da aula não conseguiu prender o olhar dos alunos e corrigir, na aula seguinte, a prestação». Por isso, este sistema quando aplicado num contexto académico «não tem como objetivo controlar os alunos», mas antes «ser uma ferramenta para melhorar o desempenho de estudantes e professores» garante Daniel Canedo.