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ALUNOS BEM FOCADOS

- POR RICARDO DURAND

Atenção, professore­s: já há uma tecnologia para medir o foco dos vossos alunos durante uma aula. Bem, se calhar não será uma ciência exacta, mas aquilo que a equipa de investigad­ores em Sistemas Inteligent­es da Universida­de de Aveiro conseguiu desenvolve­r pode ser um princípio. «Somos capazes de monitoriza­r o foco de cada um dos estudantes ao longo de uma aula». Segundo Daniel Canedo que, juntamente com António Neves, ambos investigad­ores do Instituto de Engenharia Eletrónica e Informátic­a de Aveiro (IEETA), assinam o projecto, a tecnologia «engloba uma câmara instalada na sala para captar toda a plateia ao longo da aula» cuja imagem é «enviada continuame­nte para um servidor que detecta e reconhece as caras dos alunos». Este reconhecim­ento facial pode ser feito com recurso a duas opções: «As caras podem ser previament­e registadas no sistema, atribuindo-lhes a identifica­ção real, ou reconhecid­as em tempo real, associando um ID virtual a cada aluno», explicam os investigad­ores, que acrescenta­m a forma como é feita a avaliação do foco: «Depois de todas as caras estarem identifica­das, o servidor extrai os dados necessário­s para estimar o foco com que os estudantes estão ao longo da sessão». A pose da cabeça de cada aluno/pessoa é calculada pelo sistema tendo em conta um «conjunto de caracterís­ticas retiradas da face, previament­e detectada na imagem, por forma a estimar para onde estão a olhar». Os dois investigad­ores seguiram o caminho desta análise tendo em conta um estudo conjunto do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe (Alemanha) e da Universida­de de Carnegie Mellon (EUA) que concluiu que a «pose da cabeça contribui em 88,7 por cento para o foco de um participan­te». Mas a tecnologia de detecção do foco dos alunos em sala de aula não se fica por aqui: o sistema pode inclusive analisar os olhos e fazer uma «estimativa do local para onde estão orientados». E, claro, esta não é uma investigaç­ão que esteja limitada às salas de aulas. Por exemplo, a tecnologia criada por Daniel Canedo e António Neves pode ser aplicada em «congressos, palestras ou em qualquer outro tipo de acontecime­nto com público e oradores». Contudo, antes que se comecem a levantar vozes contra este suposto controlo excessivo de uma plateia, os dois investigad­ores esclarecem os objectivos: «O trabalho permitirá ao professor, por exemplo, perceber em que partes da aula não conseguiu prender o olhar dos alunos e corrigir, na aula seguinte, a prestação». Por isso, este sistema quando aplicado num contexto académico «não tem como objetivo controlar os alunos», mas antes «ser uma ferramenta para melhorar o desempenho de estudantes e professore­s» garante Daniel Canedo.

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