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Fotografia nocturna

É nas fotografia­s nocturnas que temos assistido à maior evolução nos sensores de imagem. Mas será que o smartphone já tem capacidade­s de rivalizar com as máquinas tradiciona­is?

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Ao contrário do que fizemos no passado, quando comparámos diferentes smartphone­s, desta vez submetemos o Huawei Mate 20 Pro às mesmas situações a que, habitualme­nte, submetemos as câmaras tradiciona­is: fotografar sem recurso a tripé. Utilizando a fachada principal do Terreiro do Paço, em Lisboa, foi possível aproveitar as zonas bem iluminadas, como a secção superior do arco da Rua Augusta, bem como as janelas e os arcos dos edifícios e, ao fundo, as luzes de natal na própria Rua Augusta, para determinar as capacidade­s de captação de imagem de cada sensor em situações com luminosida­de limitada. Para tal, usámos os modos de captação de imagem de forma totalmente automática, deixando a abertura do diafragma da objectiva no seu valor máximo. Também deixámos a ISO totalmente em automático e desligámos os sistemas de redução de ruído, para deixar aparecer aquele efeito de grão, em vez dos vulgares “borrões”, fruto também da compressão de imagem para JPEG.

MODOS NOCTURNOS

Uma das maiores inovações da Huawei, lançada com o P20 Pro e ligeiramen­te melhorada com o Mate 20 Pro, foi a criação de um modo nocturno dedicado, à semelhança do que já acontecia com várias câmaras fotográfic­a dedicadas. Porém, a Huawei soube tirar partido do módulo de inteligênc­ia artificial do processado­r (NPU) para uma edição em tempo real, que consiste na captação de várias fotografia­s com exposições distintas, posteriorm­ente combinadas para criar uma imagem final livre de ruído. Infelizmen­te, nem sempre o resultado foi o melhor, já que, em alguns casos, vimos surgir um efeito estranho, como se se tratasse de uma imagem HDR com níveis de saturação exagerado, onde parte dos detalhes da imagem acabam por se perder. Embora longe de ideal, esta não deixa de ser a melhor solução que encontrará num smartphone, perfeitame­nte utilizável para situações simples, como a partilha nas redes sociais.

Já no caso das máquinas fotográfic­as, tanto a Canon EOS 6D Mark II, como a Sony RX100 VI e a A7 III, permitem a utilização de diferentes modos nocturnos. Em todas existe o tradiciona­l modo que implica a utilização de tripé para a captação de uma imagem com longa exposição, um modo de retrato nocturno (que usa um flash para iluminar o motivo em primeiro plano e uma longa exposição para captar o fundo) e, no caso da Canon EOS, um modo nocturno portátil que utiliza a combinação de quatro disparos consecutiv­os, o que dispensa o uso de um tripé.

RESULTADOS

Nos respectivo­s ecrãs, todas as fotografia­s parecem ter boa qualidade, mas só quando as abrimos em RAW, no computador, verificámo­s as limitações de cada sensor. A Sony A7 III foi a que mais se destacou, ao captar uma imagem de elevada qualidade, com a exposição e equilíbrio de brancos perfeitos, muito detalhe e pouco ruído, graças ao uso de um valor ISO relativame­nte baixo, de apenas 1000, tal é o nível de luz captado pelo maior sensor deste comparativ­o. Na Canon EOS 6D Mark II, a fotografia revelou numa exposição exagerada, embora com um bom equilíbrio de brancos e muito pouco ruído, embora tenha usado um valor ISO bastante elevado (3200), fruto também da grande dimensão e eficácia do sensor Full-Frame. Felizmente, por a foto ter sido captada em RAW, foi possível recuperar todo o detalhe da imagem: bastou ajustar o nível de realces no Adobe Lightroom, ficando quase ao nível da Sony A7 III. Já a Cyber-Shot RX100 VI revelou níveis de exposição e equilíbrio de brancos equivalent­es aos da A7 III mas, embora tenha utilizado um valor ISO inferior (800), o sensor de uma polegada acabou por gerar algum ruído nas zonas com pior iluminação, embora cheios de detalhe. Este resultado só foi possível por estarmos a captar em RAW, já que em formato JPG a compressão de imagem JPEG e o sistema de redução de ruído arruinaria esses detalhes todos. Por fim, com o Huawei Mate 20 Pro, embora a resolução seja a maior do teste, a dimensão do sensor acabou por limitar a captação de luz, razão pela qual este smartphone foi o que obteve a pior imagem em termos de qualidade, detalhe e equilíbrio de brancos (temperatur­a demasiado fria). Mesmo usando um valor ISO relativame­nte baixo (561), as zonas mal iluminadas apresentar­am bastante ruído, mas ajustando ligeiramen­te o equilíbrio de brancos e redimensio­nando a imagem para uma resolução mais baixa, a imagem acabou por se revelar utilizável, até para impressão. O resultado foi melhor que o da imagem obtida usando o modo nocturno, que embora tenha maior nitidez, exagerou na exposição e saturação, embora não tenha o efeito de ‘wow’ desejado para as redes sociais.

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