Notícias de tecnologias, coluna Made in Portugal, Hashtags e Green e a nossa entrevista: Queremos Respostas
A World Wide Web já foi um espaço de subversão e expressão pessoal, o sítio onde havia um pouco de tudo para todos. Uma pequena utopia anárquica em vez da distopia controladora de agora. Provavelmente, apenas 15% dos utilizadores se lembram deste espaço fantástico sem barreiras onde tudo era permitido e ninguém sabia se éramos um cão. Apenas 15% dos leitores irão perceber esta referência, também.
A Internet deve mais ao sexo que às receitas de comida vegan. Na colecção de ensaios coligida por Feona Attwood e Peter Lang, Porn.com, vemos como o avanço tecnológico permitiu a compatibilidade com novos formatos (como o vídeo e o livestreaming). Além disso, a criação de comunidades e de conteúdos, por parte dos utilizadores, nasceram da procura de conteúdos de teor sexual que não tinham espaço no mundo real, ligando pessoas do mundo inteiro.
As primeiras “redes sociais” eram redes sexuais. E não vamos ser puritanos: sexo é uma coisa boa e saudável. A maioria das pessoas gosta, apesar de haver umas mentalidades normativas que consideram o sexo uma coisa suja e o corpo com que nascem uma fonte de vergonha e pecado. Mas toda a gente tem um pipi, não é verdade?
Essas mentes, para quem pornografia é desvio, decidiram acabar com os conteúdos NSFW do Tumblr, criados por adultos conscientes que expressavam e partilhavam a sua sexualidade, num espaço que deveria ser agnóstico. Até a arte adulta e os conteúdos inclusivos têm de ir. O Tumblr, com mais utilizadores que o Twitter, era o último espaço para esta malta que agora perdeu o seu espaço e a sua comunidade.
É mais um unicórnio que morre às mãos dos censores digitais, que nem um peito à mostra para amamentação permitem. E mais uma machadada na utopia digital.