PC Guia

Hive, Voi, Lime chegaram para nos por a andar sobre duas rodas.

Estão quase em todo o lado e prometem viagens rápidas e baratas para fazer aquele último bocadinho em que não queremos ir a pé, depois de chegarmos de transporte­s a qualquer lado. Bem-vindo ao (ainda inseguro) mundo das trotinetas eléctricas. elé

- POR RICARDO DURAND

Vamos começar a ‘pegar as trotinetas pelos guiadores’, para entrar na onda da PETA que quer os animais fora das metáforas linguístic­as. A questão da segurança é, talvez, a mais importante quando se fala em guiar uma trotineta eléctrica. Afinal, é obrigatóri­o usar capacete ou não? Podemos andar em cima de passeios ou as trotinetas só podem ser usadas nas ciclovias e nas estradas? Onde é que as podemos deixar depois usar? A Lime foi a marca que, até agora, mais se preocupou com todas estas questões: no princípio de Dezembro organizou um evento de conscienci­alização (que também serviu para comemorar dois meses de operação em Lisboa) para promover «bons hábitos junto dos utilizador­es», o #RespectThe­Ride. Antes de participar­em, os utilizador­es assinaram um compromiss­o online onde se compromete­ram a «conduzir com responsabi­lidade em todos os momentos». Uma das promessas era a utilização do capacete, coisa para a qual VOI e Hive (as outras duas marcas de trotinetas eléctrica de Lisboa) ) alertam quando nos registamos na aplicação aplicação. Para promover de forma ainda mais vincad vincada a utilização de protecção para a cabeça, a Lime ofereceu mil capacetes através da in iniciativa #RespectThe­Ride.

LAST MILE V VS. CAPACETES: UMA CONTR CONTRADIÇíO?

A questão dos d capacetes tem levantado várias dúvidas dúvid entre os utilizador­es: afinal, é ou não obrigatóri­o obr usar? Isto deveria ser mais senso-comum sensoque outra coisa. Ora, pense: vai andar a num veículo com motor (eléctrico) capaz c de atingir quase 25 km/h - se cair a esta e velocidade, poderá escapar sem ferimentos? ferimen O mais provável é que isso não aconteça, aco até porque as ciclovias estão, invariavel­mente, invar muito próximas das estradas, lancil lan de passeios ou num estado lamentável, como a do Campo Grande, onde, em fr frente à Faculdade de Ciências, está completame­nte comple danificada por raízes de árvores. Assim, é incomprees­ível que a Autoridade Autoridad Nacional de Segurança Rodoviária t tenha emitido um parecer técnico onde ond esclarece que a «utilização de capacete não é obrigatóri­a» em «veículos co com motor auxiliar eléctrico», como garantiu garan fonte do Ministério da Administra­ç Administra­ção Interna (MAI) ao jornal online ECO ECO, a 15 de Dezembro. Este parecer vai contra as normas de segurança que as marc marcas indicam e contra o que Miguel Gasp Gaspar, vereador de mobilidade

da Câmara de Lisboa, dissse disse no eventto evento de apresentaç­ão ã d da Hi Hive ài à imprensa. A verdade dd é que a utilização das trotinetas eléctricas como veículo de ‘last-mile’, ou seja, como complement­o a uma utilização de automóvel ou transporte­s para chegar a qualquer lado, dificulta a utilização de um capacete: afinal, quem faz uma utilização esporádica, de ocasião, não sabendo no início do dia se vai usar, ou não, uma trotineta, como pode arranjar um capacete de um momento para o outro? Aqui, não deixa de haver uma pequena contradiçã­o na promessa das marcas: querem que usemos as trotinetas de forma rápida, quase que por impulso e fácil, mas é necessário ter connosco um elemento cujo transporte não deixa de ser complicado. Qual foi a última vez que veio para a rua com um capacete só porque sim ou a pensar que poderia usar uma trotineta?

NORMAS BÁSICAS DE SEGURANÇA

Esta é uma realidade que precisa de uma regulação mais eficaz e clara; contudo, o perigo é real e a acção da PSP também, uma vez que os agentes já foram vistos a parar gente sem capacete e a autuar utilizador­es que não tinham este elemento de segurança. Além disso, as trotinetas também não devem circular sobre passeios e têm de respeitar limites de velocidade, quando aplicável; igualmente importante é a forma como as deixamos: «É importante estacionar correctame­nte fora de passeios para pedestres, entradas de garagens e paragens de transporte­s públicos e sempre que possível em estacionam­ento de bicicletas e/ou locais definidos para parquear trotinetas», lembrou Nuno Inácio, director da Lime em Portugal, durante a iniciativa #RespectThe­Ride. «As trotinetas são uma novidade na cidade e sentimos a necessidad­e de partilhar com os utilizador­es as boas práticas relacionad­as com a sua utilização», justificou o responsáve­l.

PREÇOS DEMASIADDE­MASIADO DEMASIADO ELEVADOS PARA UTILIZAÇÃO DIÁRIA

Lime, Hive (que se estreia em Lisboa) e Voi: foi por esta ordem que as trotinetas eléctricas entraram na capital e, praticamen­te, não há grandes diferenças na sua utilização. Desde logo, o preço é igual em todas: é um euro para desbloquea­r a trotineta (faz-se um scan de um código QR que está no guiador) e depois quinze cêntimos por minuto - por isso, é sempre difícil não gastar mais que 1,15 euros. Agora, é fazer uma contas: vale a pena usar uma trotineta de qualquer uma destas marcas num percurso entre o Campo Grande e o Saldanha, por exmeplo? A resposta é ‘não’: um bilhete de Metro entre estas duas estações custa 1,45 euros (tendo em conta que já tenha um cartão Lisboa Viva, que custa mais cinquenta cêntimos) o que obrigava a que a viagem numa Lime, Hive ou Voi fosse feita em três minutos, para igualar a oferta. Ora, como é óbvio, isto é uma coisa impossível. São, pelo menos quinze minutos, o que nos vai dar um preço final de 4,75 euros, o que é manifestam­ente caro, qualquer que seja a opção.

SEGWAY ESTÁ EM TODAS

As três marcas chegaram a Lisboa nos últimos dois meses e neste podem ser encontrada­s um pouco por todo o lado, dentro a área de cobertura: o Parque das Nações a Este, Algés a Oeste, o IC 17 a Norte e a margem do Tejo, a Sul; estranhame­nte, a VOI não mostra qualquer área de cobertura na app. Também nos modelos não há diferenças: são, na sua maioria, Segway Ninebot ES4 (há também umas Lime com travão analógico) com um “gatilho” de travão semelhante ao do acelerador. Outra das poucas diferenças entre as apps, está no facto de a Lime ser a única que permite fazer

uma localizaçã­o da trotineta com um apito intermiten­te que pode ser desencadea­do a partir da aplicação - isto é muito útil quando vemos um veículo no mapa, mas não a conseguimo­s detectar a “olho nú”. A Hive garante que vai implementa­r esta funcionali­dade «em breve», segundo o responsáve­l nacional, Tiago Ibrahim.

TESTE NO TERRENO: QUAL DAS TRÊS É A MELHOR OPÇÃO?

Dado que todas oferecem o mesmo preço, o mais correcto é dizer que a melhor opção é aquela que estiver mais à mão no local onde precisar. Mas, e se houver as três marcas disponívei­s num determinad­o local? Se puder, deve escolher o modelo de trotineta com os dois manípulos para travão e acelerador, pois são mais fáceis e intuitivas de conduzir; nos nossos teste com os modelos de travão analógico da Lime (Voi e Hive não têm) houve alguns problemas: ou o travão não funcionava ou demorava a ser accionado. Com a Hive, sentimos um problema: na zona onde testámos as três opções (Campo Grande), havia zero disponívei­s. Finalmente, com a Voi, mais dificuldad­es: numa zona onde estavam várias trotinetas, a app assinalava apenas uma - tentámos desbloquea­r sete e nenhuma estava disponível, pelo que acabámos por desistir de as usar. A Lime é, para já, a marca onde há mais disponibil­idade e garantia de um serviço regular - foi a que chegou primeiro a Lisboa e, por isso, acaba por ser sinónimo deste tipo de mobilidade, uma “medalha” que a marca recusa: «Ser pioneiro tem sempre a sua responsabi­lidade acrescida, contudo não influencio­u a forma de trabalhar da Lime. Estamos focados em oferecer o melhor serviço, só assim a Lime poderá tornar-se sinónimo de trotinetas eléctricas», disse Nuno Inácio à PCGuia.

CONCORRÊNC­IA OU COOPERAÇÃO?

Lime, Hive e Voi alinham pelo caminho da cooperação. «Como as trotinetas eléctricas são novidade em Lisboa, é importante que haja uma postura de cooperação», diz a Lime; Frederico Venâncio, da Voi, é também muito claro: «Estamos numa fase demasiado embrionári­a para entrar em guerras comerciais. O sucesso desta nova forma de mobilidade também depende da forma que as operadores colaboram não só entre si, mas também com as autarquias e autoridade­s locais». A Hive, pela voz de Eckart Diepenhors­t (CEO da myTaxi, a dona da marca) também está alinhada: «A altura é de cooperação e não de concorrênc­ia». Tiago Ibrahim diz que tudo depende do «o brand awareness que as marcas vão ter junto dos utilizador­es», ou seja, quem tiver a melhor comunicaçã­o e relação com a comunidade vai ser mais usada. Para já, e pelo que pudemos ver durante vários dias em Lisboa, a Lime é sem dúvida a trotineta que se vê mais a circular, o que se pode explicar pelos 53 mil utilizador­es que se registaram na app em dois meses. A marca está estabeleci­da há mais tempo e isso acabou por ser fulcral para o que diz o responsáve­l da Hive seja verdade. E isso faz toda a diferença.

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Miguel Gaspar, à direita, fez a apologia do capacete durante a apresentaç­ão da Hive. Tiago Ibrahim (à esquerda) e Eckart Diepenhors­t (centro) também andaram sempre de capacete, mas o parecer técnico da ANSR foi em sentido contrário.

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