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O Ricardo Durand reflecte sobre o futuro das trotinetas eléctricas em Lisboa.

- RICARDO DURAND Editor

Vamos lá assumir: mas quem raio, em Portugal (e em Lisboa, para ser mais preciso) anda de capacete numa trotineta eléctrica? Quase todos os dias uso uma Gira ou, então, uma Lime ou Voi (sorry, Hive, vocês não as metem onde eu preciso) para ir do Campo Grande ao ginásio GoFit (um percurso de cinco minutos) e nunca vi gente de capacete. Aliás, o que eu vejo, muitas vezes, são adolescent­es que pegam nas trotinetas e as usam sem sequer terem app: andam por ali a sacar cavalinhos e manobras com o “brinquedo” a apitar por todos os lados - se não as desbloquea­rmos com a app, a trotinete vai assumir que está a ser roubada e começa a apitar por todos os lados. A moda de andar de trotineta em Lisboa ameaça assumir a forma de praga: actualment­e, entre as três marcas, o número de veículos chega quase aos mil. Mas isto não vai ficar por aqui: de acordo com a câmara de Lisboa, estão mais doze marcas para entrar na capital e há duas que já têm a app localizada: a Iomo e a Wind. É muito provável que, pelo Carnaval de 2019, Lisboa ande mascarada de ciclovia, com quase 1500 trotinetas eléctricas; na altura dos Santos Populares, há marchantes que vão descer a Avenida da Liberdade montados em trotinetas. Depois da festa, estou a ver o cenário apocalípti­co em que vai ficar mergulhada a cidade: trotinetas ressacadas, tombadas, abandonada­s pelos passeios, jardins e estradas Acho que se deve começar a pensar de avanço nisto: criar zonas só para trotinetas (como aquelas zonas onde só podem entrar automóveis com data de matrícula posterior a 1999), cafés e restaurant­es trotinetas-friendly e até mesmo o mercadinho de food-trotinetas, para substituir os trucks, que são tão 2017. Sonho com uma realidade em que as marcas nos vão pagar para andar e em que vamos ser mesmo obrigados a usar capacete, uma vez que para já a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária nos diz que não precisamos de proteger a cabeça para andar em veículos com motor que atingem os 25 km/h. Anda a Lime a gastar dinheiro a oferecer capacetes (e a fazer eventos de sensibiliz­ação) e o vereador da CML Miguel Gaspar de capacetinh­o dobrável na mão, a fazer figura de evangeliza­dor da Igreja do Capacete, para quê? Para nos rirmos todos, só se for.

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