Bendita automação... ou não?
Sou completamente dependente das notificações via SMS dos diversos serviços que uso. Das marcações de consultas médicas de que já não me lembrava que existiam (por que foram feitas há meses) às contas que chegam ao prazo limite de pagamento sob o risco de ver os serviços cortados, respiro aliviada cada vez que recebo um SMS a lembrar-me destes compromissos. Sim, conheço e uso uma boa ferramenta de calendário, mas essencialmente lá estão as minhas reuniões e eventos de trabalho. Simplesmente não consigo registar todos os ínfimos detalhes da minha pouco interessante vida de cidadã comum. Assim, celebro a mais recente mensagem (que, por sinal, me salvou de ter a energia de casa cortada) no mesmo dia em que é notícia um estudo que revela que os robôs vão tirar empregos a 800 milhões de pessoas até 2030. Eu celebro a automação das mensagens com o mesmo entusiasmo que, provavelmente, o faz o empresário que poderá poupar uns tostões ao ver uma parte do seu negócio automatizado. A inovação é uma moeda de duas faces: dá e tira. É a felicidade de uns ao preço do infortúnio de outros. Mas uma coisa é certa, não volta atrás. E ainda bem! Portanto, o que parece fundamental é o debate sobre o futuro do trabalho e de como as comunidades e cidadãos irão lidar com estas mudanças estruturais tão radicais. Vamos continuar a ser poucos a trabalhar demasiado? Vamos trabalhar até aos cem anos para ter direito à reforma? Os que recorrem aos robôs e sistemas autónomos deveriam contribuir para o bem-estar das sociedades? São muitas as perguntas por fazer e por serem respondidas. Eu vibro com os avanços da ciência, admiro-me com a criatividade e o poder de inovação das novas gerações e aposto na complementaridade entre trabalho humano e de robôs. Quero um admirável mundo novo, não exatamente o de Aldous Huxley, mas um em que a modernidade seja para todos.