Cortiça e Portugal: amor à primeira impressão
Ele é rolhas, ele é objectos de decoração, ele é roupa, ele é materiais de construção, ele é capas para telemóveis… sempre que se fala em cortiça, há todo um mundo de oportunidades que nos aparecem à frente e quase sempre com o nome de Portugal ao barulho. E não é para menos: segundo dados da Associação Portuguesa de Cortiça, 46% da produção mundial desta matéria-prima é portuguesa; mais, 32% da área mundial de montado de sobreiro (a árvore de onde é extraída a cortiça) está em Portugal. Depois de termos visto a Iki Mobile a usar cortiça para usar na traseira de um dos seus modelos de smartphones, a cortiça salta para uma utilização inesperada, pela mão de Tatiana Antunes, uma estudante do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da Universidade de Aveiro (UA). O projecto faz parte da sua tese de mestrado em Engenharia de Materiais e é uma solução «totalmente nova». A novidade é a impressão em 3D com este material, «cem por cento biodegradável», a partir de «resíduos de cortiça resultantes do fabrico de rolhas». Segundo Tatiana Antunes, a utilização de cortiça não só é uma «alternativa ecológica para qualquer impressora 3D» como também dá aos objetos impressos o toque, o odor e a cor que só este material pode dar: «O filamento apresenta tonalidades castanhas, tem um toque levemente rugoso e, durante o processo de impressão, emite um leve odor a cortiça», caracteriza a aluna. O filamento de cortiça usado pela aluna da UA foi desenvolvido com recurso a uma «matriz plástica biodegradável» com partículas de cortiça que são «parte de um resíduo resultante do processo de fabrico de rolhas», o que faz com que seja uma solução para reutilizar estes desperdícios. Tatiana Antunes lembra que esta é uma «alternativa aos filamentos sintéticos» disponíveis no mercado, cujos ingredientes plásticos «não são amigos do ambiente», que pode ser usada «para as mais diversas impressões» e cujo resultado são «objectos com uma excelente estética e qualidade, com a cor característica da cortiça». Este trabalho de Tatiana Antunes teve ainda o acompanhamento da investigadora Sara Silva, da Escola Superior Aveiro Norte, e da Amorim Cork Composites.