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- CONCEITO HUMANOIDE ANDRÉ GONÇALVES aconcept@humanoid.net

A Boeing quis maximizar a sua eficiência energética do seu 737. Mas, para isso, criou uma espécie de “bola de neve”, ao recorrer a motores de maiores dimensões, que tiveram de ser montados mais à frente e numa posição mais alta. Esta nova posição dos motores fez com que o 737 Max criasse uma tendência para elevar o nariz, especialme­nte em manobras em que estivesse num ângulo de ataque elevando, algo que poderia levar a situações de perda de sustentaçã­o. Para compensar esta tendência foi desenvolvi­do um sistema (MCAS) que, ao detectar os sinais de subida excessiva, activa automatica­mente os estabiliza­dores traseiros, baixando a frente do avião. Este MCAS introduzid­o no 737 Max é similar a sistemas implementa­dos em outras aeronaves e tem um paralelism­o com o sistema anti-bloqueio de travões (ABS) dos automóveis.

Se, hoje em dia, o ABS é uma caracterís­tica de segurança obrigatóri­a, na altura em que foi lançado muitos condutores sentiram dificuldad­es em lidar com o aumento de distância de travagem, descurando as vantagens de uma travagem muito mais controlada. São evoluções tecnológic­as em que o homem deixa de controlar mecanicame­nte um sistema, para que um automatism­o o faça, de uma forma mais rápida e eficiente. Num avião actual já não existe um controlo físico das partes mecânicas, tudo é feito através de impulsos eléctricos em sistemas redundante­s. E, cada vez mais, esses controlos são apoiado se melhorado spor diversos sistemas automatiza­dos.

Estes automatism­os permitem dar aos pilotos a precisão e a velocidade de cálculo necessária­s para enfrentar diverso tipos de adversidad­e em voo. Mas continua a ser vital que estes tenham consciênci­a do funcioname­nto desses automatism­os e como reagir às suas falhas. Ao que tudo indica, os dois recentes incidentes que proibiram o voo dos 737 Max foram devidos a erros na leitura de sensores que levaram o MCAS a interpreta­r de forma errada uma subida da frente da aeronave, “corrigindo” essa subida de forma drasticame­nte errada. A falta de precessão da equipa de pilotagem, sobre a razão pela qual o avião se estava a comportar dessa forma, fez com que não conseguiss­em retomar o controlo do mesmo.

Segurament­e, o futuro passará por uma correcção do sistema face a erros de leitura dos sensores e uma melhor preparação dos pilotos em situações idênticas. Esperamos nós que este seja o último grande erro na evolução da interface homem/máquina da história da aviação.

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