O FUTURO É BRILHANTE PARA OS SMARTPHONES DOBRÁVEIS?
Ao longo dos anos, foram lançadas várias tecnologias e conceitos que acabaram por não vingar, será que os smartphones dobráveis vão entrar também nesse clube? Olhando para as primeiras ofertas que já puderam ser vistas, e manuseadas, percebe-se que fazer um smartphone dobrável não é, de todo, a mesma coisa que fazer um smartphone tradicional. Existem vários obstáculos que têm de ser ultrapassados: mecânicos, de software e mais importante, da própria percepção do mercado.Falando em primeiro lugar das dificuldades mecânicas, um smartphone tradicional tem muito poucas peças móveis que um dobrável, naturalmente isto faz com que sejam mais frágeis. Os problemas começam logo pelas dobradiças que o tornam dobrável: os mecanismos têm de ser muito resistentes porque, no fundo, este é o ponto mais fraco de qualquer dispositivo deste tipo. Como ficou patente com o ‘Antennagate’ do iPhone 4 (em que Steve Jobs chegou a dizer que eram os utilizadores que não sabiam pegar nos smartphones e que, por isso, não tinham boa recepção de sinal),
FEITOS PARA AS PESSOAS
Um fabricante não pode estar à espera de “domar” os utilizadores dos seus produtos. Eles vão tentar dobrá-los ao contrário, forçar os mecanismos e deixá-los cair ao chão (isto é só o que nos vem à cabeça agora). Por isso estes mecanismos de dobragem têm de ser muito intuitivos e muito resistentes, sob pena de os fabricantes terem uma catástrofe de assistência técnica entre mãos.Depois há os ecrãs em si. Um vidro completamente flexível (que seja economicamente possível colocar numa classe de produtos deste género), ainda está a algum tempo de distância. Por isso, para já, os fabricantes têm de se contentar com materiais plásticos, que naturalmente são muito mais sensíveis aos maus-tratos (o plástico que protege o ecrã do FlexPai começa a deformar-se ao fim de algum tempo de utilização) e riscam-se com muito mais facilidade.
SOFTWARE ADEQUADO
A Google já confirmou que futuras versões do Android vão estar mais bem adaptadas para funcionar em plataformas com ecrãs dobráveis, principalmente no que respeita aos tempos de reacção às alterações radicais da geometria da imagem quando os ecrãs são dobrados ou desdobrados. dobrados. O espaço adicional também permite a utilização de várias as aplicações simultaneamente, mas o sistema operativo e as próprias aplicações também têm de ser compatíveis com esta funcionalidade. Marcas como a Samsung já disponibilizam soluções que permitem dividir o ecrã em várias partes para utilização de duas ou mais aplicações ao mesmo tempo. Mas estas são soluções desenvolvidas pelos próprios fabricantes e que têm de ser padronizadas, de preferência no próprio sistema operativo.
QUEM É O PÚBLICO DOS FOLDABLES?
A quem é que se destina um smartphone com ecrã dobrável? Há mercado? Respondendo em primeiro lugar à segunda questão: no final da segunda década do século XXI ,os fabricantes de smartphones estão numa encruzilhada. O mercado mundial de smartphones já não reage da mesma forma ao lançamento de um modelo novo a cada ano. Isto pode ver-se pelos números de vendas dos principais fabricantes no ano passado. Em resultado disto, para manter a facturação, os fabricantes lançam equipamentos com maiores margens (leia-se mais caros para o consumidor). Qual é a razão? Há uma resposta possível: os consumidores sentem cada vez mais que não vale a pena trocar de smartphone todos os anos, principalmente porque, tecnologicamente, o modelo do ano anterior não é assim tão diferente do actual. Isto apesar de os fabricantes continuarem a inovar, principalmente do lado de dentro dos equipamentos, o que não é tão visível aos olhos dos consumidores.
CAROS DEMAIS
O lançamento de smartphones dobráveis pode ser o “elixir” que vai mostrar que ainda existe algum espaço para inovar nos formatos dos produtos deste mercado e assim seduzir os clientes mais renitentes à troca. Os modelos lançados este ano ainda não vão ter preços suficientemente apelativos para chamar muitos consumidores para a causa dos smartphones dobráveis, mas numa, ou duas gerações, à medida que os custos forem descendo, há mais hipóteses de se tornarem dispositivos de massas. Mas, a quem se destinam? A versatilidade de um dispositivo deste tipo é enorme e poderá apelar a quem joga, a quem viaja e quer ver filmes ou ouvir música, ou ainda a quem trabalha, porque terá sempre mais espaço num ecrã destes do que num smartphone tradicional. Só é preciso é que existiam aplicações para isso.
Um dos grandes desafios que se colocam ao futuro dos smartphones dobráveis é o da adaptação do software a este novo formato.