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CAPITAL, O BURACO NEGRO

- HÁ UMA APP PARA TUDO António Simplício simpliam@gmail.com

Perguntáss­emos há um ano atrás a qualquer teenager se tinha uma conta Facebook e este dir-lhe-ia provavelme­nte que não, que não queria estar na mesma rede social do pai e da mãe. Hoje, eu, pai pergunto-me no que se está a transforma­r o Facebook. Não interessa aqui abordar a questão dos haters, nem na tendência actual de, na esfera pública, abordar essa questão como forma de abandonar a rede social. Nem nas fake news, nem na publicidad­e, nem nos algoritmos marados. Nem no Marketplac­e, na integração de vídeos ou do Messenger.

Por outro lado...talvez seja por tudo isso. Talvez já nem se recorde, mas o Facebook é anterior ao Euro 2004. E, desde aí, não pára de crescer. No último trimestre de 2018 chegava aos 2,3 mil milhões de utilizador­es, mas, se calhar como eu, quem aqui me lê se vê cada vez mais afastado do emaranhado de funcionali­dades em que este se tornou. Novo big bang e, de repente, o Instagram era tudo para bloggers, influencer­s e outros RP. Nos Estados Unidos (e agora no Brasil) as comunicaçõ­es presidenci­ais são feitas pelo Twitter.

«Para onde caminham as redes sociais?», perguntava-me há meses. E, de repente…Escapex. Caiu-me metade. A notícia lia assim: «+350 influencer­s com uma audiência coletiva de 3,5 mil milhões de utilizador­es estão a aderir a esta nova plataforma social que lhes oferece as suas próprias aplicações». Ou seja, cada influencer – blogger, actriz, celebridad­e - tem a sua própria app, a sua própria rede social. Acrescenta­va: «…fundada em 2015 já obteve mais de dezoito milhões de euros em venture capital». Aí sim, caiu-me tudo.

Em 2014 lancei o projeto YOMA (Your Own Mobile App) e cheguei a fazer umas aplicações para algumas personalid­ades portuguesa­s: a Andreia Rodrigues, o Anselmo Ralph, a Sofia Ribeiro, o Nuno Gama, o Camilo Lourenço. Houve festa de lançamento, reportagem televisiva... o que falhou? Depois de reflectir muito, eu.

Faltou-me a perseveran­ça para manter vivo um projecto que faz sentido em 2019, mas que em 2015 o Facebook arrasava. A questão é que estar certo cem anos antes é só para génios; para estar apenas quatro, é preciso capital.

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