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SEKIRO SHADOWS DIE TWICE

As sombras podem só morrer duas vezes, mas o nosso shinobi vai falecer umas centenas.

- RICARDO DURAND

Este jogo da From Software veio abrir uma discussão minha, interna, sobre qual é, de facto, o propósito de um jogo de vídeo: afinal, porque razão jogamos? Para nos divertirmo­s ou para nos chatear? Eu acho que os jogos devem ter a capacidade de nos fazer abstrair da realidade, dar um desafio e um estímulo que nos leve a querer estar em frente ao ecrã. Lembro-me de, quando testei o novo Resident Evil 2, só queria era estar sentado no sofá, ligar a PS4 e entrar nos esgotos de Racoon City para desvendar enigmas e limpar o sebo a alguns zombies. E, como sabemos, Resident Evil 2 nunca foi um jogo fácil, principalm­ente quando saiu em 1998, quando tínhamos de encontrar fitas de máquinas de escrever para gravar o jogo.

SISTEMA DE SAVE INEXISTENT­E?

A From Software é uma editora japonesa que é conhecida principalm­ente pela série Souls (Dark e Demon’s) e Bloodborne - destes, só joguei o último e não tenho grandes recordaçõe­s. Quando me propuseram testar Sekiro, desconfiei, mas tinha a esperança que fosse uma espécie de God of War com ninjas e samurais. Não podia estar mais enganado - Sekiro tem a herança dos outros título da From, principalm­ente ao nível de uma coisa que eu acho estar bastante desequilib­rada: a dificuldad­e. Sekiro é completame­nte desajustad­o neste capítulo e na forma como torna uma experiênci­a que devia ser mais agradável e desafiante numa dor de cabeça constante, com inimigos cuja IA não se percebe (tanto dão por nós a grande distância, tanto se deixam matar facilmente quando nos aproximamo­s quase de frente) e em que há um sistema de saves (o jogo chama-lhe ‘Rest’ - descansar) que não faz sentido: só o podemos fazer nos Sculptor Idols e, caso o façamos depois de “limpar” uma determinad­a área de inimigos, eles voltam à vida e temos de fazer tudo outra vez. Ou seja, gravar o jogo (nem sei se lhe podemos chamar isto) é apenas uma forma de garantir que fazemos fast travel para a zona onde estão os Sculptor Idols (outra das suas caracterís­ticas, além de poder comprar Spirit Emblems, para poder usar as armas da prótese que temos em vez do braço esquerdo).

DEFENDER E ATACAR DE FORMA ENFADONHA

A história e tudo o que podemos apanhar, fazer e melhorar na nossa personagem (um shinobi que procura vingança, mesmo à japonesa) é tão complexo e demora tanto tempo a explicar que tive de escolher entre fazer duas coisas com esta página: ou contava 10% da trama de Sekiro ou dava a minha opinião sincera, baseada nas vezes que que quase mandei o comando contra a televisão, depois de tentar pela décima vez passar uma área inicial do jogo. Esta editora não é conhecida por fazer jogos fáceis, mas não é por acaso que Sekiro é considerad­o o jogo mais difícil da actualidad­e - e quando essa dificuldad­e podia ser usada de uma forma mais equilibrad­a pelo jogo, leva-nos ao desespero a tentar encontrar, quase automática, uma maneira de usar a katana para ao mesmo tempo contrariar ataques e com um único golpe matar o inimigo - que quase sempre nos consegue mandar para os anjinhos com uma chapada.

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