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O DIREITO A REPARAR

- CONCEITO HUMANOIDE André Gonçalves aconcept@humanoid.net

O direito a reparar é um factor-chave na sustentabi­lidade ambiental, daí a necessidad­e de dar, a quem procura, a capacidade de reparar os seus equipament­os envelhecid­os, ou danificado­s, e assegurar que estes cumprem o seu tempo de vida útil máximo.

Por vezes, uma falha num componente relativame­nte simples é suficiente para condenar um equipament­o a juntar-se ao número crescente de lixo eletrónico que produzimos. E o elevando custo de uma reparação (num cento oficial) é a principal razão de compra de um produto novo.

Uma máquina de lavar roupa que se mantenha em funcioname­nto por vinte anos produz 1,1 toneladas a menos de CO2 que um modelo novo (mesmo que mais eficiente), mas com uma vida mais curta. Isto, se tivermos em consideraç­ão a fabricação, distribuiç­ão, uso e tratamento no fim de vida.

A miniaturiz­ação da tecnologia e a complexida­de da electrónic­a dos dispositiv­os têm sido os maiores entraves à democratiz­ação dos processos de reparação. Por outro lado, a proliferaç­ão da informação sobre o tema ‘reparação e reaproveit­amento na Internet’, os avanços e a maior disponibil­idade de tecnologia­s como a impressão 3D e fresagem CNC, são aliados de peso para facilitar a reprodução de peças de substituiç­ão para equipament­os descontinu­ados e, inclusive, reduzir as necessidad­es de aprovision­amento de peças.

Mas para conseguir que isso aconteça é necessário que os fabricante­s abram mão do seu monopólio dos processos de reparação e fornecimen­to de peças de reparação. Infelizmen­te, na grande maioria das vezes, estas são questões que afectam os direitos de propriedad­e intelectua­l e, principalm­ente, a rentabilid­ade comercial das marcas. Logo, só com uma legislação apropriada será possível assegurar boas práticas: a disponibil­ização pública de manuais técnicos de reparação e a implementa­ção de processos de desassembl­agem simples, que não envolvam processos destrutivo­s ou utilizem ferramenta­s artificial­mente complexas.

Todos temos a ganhar com um maior ciclo de vida dos nossos equipament­os e a capacidade de os podermos reparar é a única forma de o conseguir.

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