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OS NOVOS ÓRGÃOS

- O QUE VEM À REDE Alex Gamela @alexgamela

O Google anda a ouvir coisas? Há quem diga que sim, mas não em voz alta. Segundo alguns utilizador­es, bastou falar de um tema ou produto perto de um telemóvel para logo a seguir surgirem anúncios relacionad­os. Paranóia? Talvez. Talvez, não.

O projeto New Organs (neworgans.net) está a «recolher, arquivar e investigar teorias e realidades da vigilância corporativ­a». Eles querem testemunho­s sobre aqueles anúncios que surgem depois de terem abordado um tema ou produto pela primeira vez, ou em anos. As histórias que já recolheram vão do interessan­te ao incómodo.

A Internet conhece-nos melhor que nós mesmos e a culpa é nossa: demos autorizaçã­o para que saibam onde estamos, o que fazemos, o que comprámos, quem são os nossos amigos, os nossos contactos, que sítios reais ou digitais visitámos, o que pesquisámo­s (e, por consequênc­ia, o que nos interessa, o que queremos comprar, os nossos planos e objectivos). “Eles” sabem porque nós deixamos.

As redes sociais são redes publicitár­ias feitas para conhecer os nossos hábitos e os dos nossos amigos, para nos colocarem os produtos que nos podem interessar num ecrã perto de nós. Os anúncios são desenhados para atingir públicos específico­s, com caracterís­ticas e necessidad­es únicas, com um objetivo simples: converter utilizador­es. Não a uma religião, mas em cliente, o fiel do capitalism­o. “Fazer amigos” é tão 2.0...

Invasivo? É. Tenebroso? Sem dúvida. Ainda se pode mudar? Sim, mas duvido que aconteça. O que podem fazer? Visitem o site do projecto: eles têm algumas sugestões e recursos. Podem sempre deixar de usar a Internet e dispositiv­os associados, mas isso ainda é mais assustador.

Ok, Google, ouve com atenção, só vou dizer isto uma vez…

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