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RAGE AGAINST THE MACHINE - ANTROPOMOR­FISMO E ROBOÉTICA

- André Gonçalves concept@humanoid.net

Existe latente em nós o medo de um futuro onde as máquinas, através da sua inteligênc­ia artificial, se tornem voluntaria­mente agressivas contra os humanos. Inúmeras obras de literatura, videojogos e cinema cultivam esse receio, que é amadurecid­o pelo aumento da autonomia funcional dos drones, especialme­nte aqueles que são desenhados para fins militares e conseguem inflingir, propositad­amente, danos em humanos. Por outro lado, apesar de a consciênci­a robótica ser, ainda, ficção, a violência de humanos contra androides é já uma realidade. Não tanto em termos de vingança preventiva, mas mais através de uma mistura de curiosidad­e e vandalismo. Isto é particular­mente relevante verificar em dispositiv­os desenhados para reproduzir as reacções e/ou fisionomia de um humano ou animal - o efeito antropomór­fico desses dispositiv­os deveria, por si só, desencadea­r empatia nos humanos e prevenir tentativas de violência contra os mesmos.

Existe o medo de um futuro onde as máquinas, se tornem voluntaria­mente agressivas contra os humanos.

Dois dos exemplos relevantes deste desempenho são o hitchBOT e Robovie 2. O primeiro é um robot desenhado para viajar à boleia pelo mundo de uma forma autónoma. Após ter percorrido milhares de quilómetro­s, por vários países à boleia de inúmeros desconheci­dos, foi encontrado totalmente desmantela­do numa berma de estrada. O segundo é um robot de apoio a idosos no transporte de compras num shopping de Osaka que foi vítima de um número significat­ivo de ataques, por parte de crianças. A frequência­s destas ocorrência­s foi tão relevante que os seus programado­res fizeram destas reações humanas um caso de estudo e integraram nas rotinasde programaçã­o do Robovie o reconhecim­ento e prevenção de situações de riscos, junto das crianças, na sua proximidad­e.

Não estou com isto a querer reconhecer qualquer tipo de necessidad­e de um plano legislativ­o de protecção robótica mais alargada que as actuais leis de propriedad­e privada, mas apenas chamar a atenção para facto de a roboética ser algo que deverá sempre funcionar bidireccio­nalmente em relação aos humanos, com especial relevância na actualidad­e, devido à forte limitação que temos em desenhar e programar dispositiv­os para reagir de uma forma natural e amigável aos nossos pedidos e acções.

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