RAGE AGAINST THE MACHINE - ANTROPOMORFISMO E ROBOÉTICA
Existe latente em nós o medo de um futuro onde as máquinas, através da sua inteligência artificial, se tornem voluntariamente agressivas contra os humanos. Inúmeras obras de literatura, videojogos e cinema cultivam esse receio, que é amadurecido pelo aumento da autonomia funcional dos drones, especialmente aqueles que são desenhados para fins militares e conseguem inflingir, propositadamente, danos em humanos. Por outro lado, apesar de a consciência robótica ser, ainda, ficção, a violência de humanos contra androides é já uma realidade. Não tanto em termos de vingança preventiva, mas mais através de uma mistura de curiosidade e vandalismo. Isto é particularmente relevante verificar em dispositivos desenhados para reproduzir as reacções e/ou fisionomia de um humano ou animal - o efeito antropomórfico desses dispositivos deveria, por si só, desencadear empatia nos humanos e prevenir tentativas de violência contra os mesmos.
Existe o medo de um futuro onde as máquinas, se tornem voluntariamente agressivas contra os humanos.
Dois dos exemplos relevantes deste desempenho são o hitchBOT e Robovie 2. O primeiro é um robot desenhado para viajar à boleia pelo mundo de uma forma autónoma. Após ter percorrido milhares de quilómetros, por vários países à boleia de inúmeros desconhecidos, foi encontrado totalmente desmantelado numa berma de estrada. O segundo é um robot de apoio a idosos no transporte de compras num shopping de Osaka que foi vítima de um número significativo de ataques, por parte de crianças. A frequências destas ocorrências foi tão relevante que os seus programadores fizeram destas reações humanas um caso de estudo e integraram nas rotinasde programação do Robovie o reconhecimento e prevenção de situações de riscos, junto das crianças, na sua proximidade.
Não estou com isto a querer reconhecer qualquer tipo de necessidade de um plano legislativo de protecção robótica mais alargada que as actuais leis de propriedade privada, mas apenas chamar a atenção para facto de a roboética ser algo que deverá sempre funcionar bidireccionalmente em relação aos humanos, com especial relevância na actualidade, devido à forte limitação que temos em desenhar e programar dispositivos para reagir de uma forma natural e amigável aos nossos pedidos e acções.