/ Conheça Carolina Gouveia, aluna de doutoramento da Universidade de Aveiro, que está a desenvolver um Bio-Radar capaz de medir sinais vitais de forma remota.
Carolina Gouveia está a desenvolver um Bio-Radar capaz de medir sinais vitais de forma remota que, entre outras funções, é capaz de identificar emoções sem usar sensores de contacto.
COMO DECIDIU SEGUIR A CARREIRA NA ÁREA DA ENGENHARIA ELETRÓNICA E DE TELECOMUNICAÇÕES?
Desde sempre me interessei por duas áreas à primeira vista muito distintas, mas que se conseguem combinar de uma forma bastante gratificante: a Saúde e a Tecnologia. Neste sentido, licenciei-me em Tecnologias dos Equipamentos de Saúde, um curso leccionado no Instituto Politécnico de Leiria e que me despertou um interesse ainda maior no que toca a estas duas áreas. Depois, quis ir um pouco mais longe e enriquecer a minha formação em electrónica. Fui para a Universidade de Aveiro e fiquei muito satisfeita com a escolha quando me apercebi de que era possível incluir a área de saúde nos meus projectos futuros, ao desenvolver o primeiro protótipo do Bio-Radar para a minha dissertação de mestrado.
COMO SURGIU O PROJETO DO BIO-RADAR?
O projecto foi-me proposto pelo meu orientador de mestrado, que me incentivou a desenvolver um protótipo capaz de funcionar em tempo real. Durante o desenvolvimento deste protótipo fui-me apercebendo da utilidade e importância que este sistema pode vir a ter na sociedade, bem como da quantidade de barreiras que ainda é necessário ultrapassar. Assim, ao concluir o mestrado, quis prosseguir com este projecto e desenvolvê-lo no doutoramento para ultrapassar algumas destas barreiras.
PODE EXPLICÁ-LO EM BREVES LINHAS?
Com o sistema do Bio-Radar, é possível medir sinais vitais como o sinal respiratório e o sinal cardíaco, sem recorrer a qualquer tipo de sensores de contacto. Este sistema wireless é composto por duas antenas: uma que transmite ondas electromagnéticas em direcção à caixa torácica da pessoa a ser monitorizada, e outra que recebe o sinal que é por sua vez reflectido pelo tórax. O movimento corporal devido à função cardiorrespiratória vai provocar uma modulação ao sinal reflectido no peito e é a partir dessa modulação que são extraídos os sinais vitais. Para já, o protótipo desenvolvido está apenas focado no sinal respiratório, mas num futuro próximo é pretendido extrair também o sinal cardíaco.
EM QUE FASE ESTÁ O PROJECTO?
Neste momento estamos interessados em melhorar o protótipo, não só nos algoritmos de aquisição e processamento de sinal, mas também no ponto de vista de hardware. Estamos também a explorar algumas aplicações práticas deste sistema. Por exemplo, desenvolvemos um trabalho em conjunto com uma equipa de investigação do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro (com a estudante de doutoramento Filipa Barros e a sua orientadora, a professora Sandra Soares), com o objectivo de validar o uso do Bio-Radar na identificação de emoções, a partir da análise dos sinais vitais adquiridos remotamente. Conseguimos identificar com sucesso três emoções diferentes: a alegria, o medo e o estado neutro. Queremos continuar com trabalhos de investigação para esta aplicação em específico, tentando utilizar o sinal cardíaco para identificar outras emoções como o nojo e a tristeza, por exemplo.
COM ESTE PROJECTO CONQUISTOU O SEGUNDO LUGAR NA CATEGORIA DE MESTRADO DO FRAUNHOFER PORTUGAL CHALLENGE 2018. JÁ TINHA TIDO OUTRAS DISTINÇÕES?
Além deste prémio, ganhei em 2017, o prémio Best Student Paper Award, atribuído na conferência URSI 2017 – 11th Congress of the Portuguese Committee of URSI ‘New technologies for mobility’, em Lisboa, com o artigo ‘Bio-Radar Performance Evaluation for Different Antenna Design’.
A PARTIR DAQUI, COMO SEGUIRÁ A SUA CARREIRA: CONTINUARÁ A TRABALHAR COM O BIO-RADAR OU TEM OUTROS PROJETOS EM DESENVOLVIMENTO OU EM VISTA?
Para já, quero terminar o meu doutoramento e avançar o máximo que conseguir na investigação deste sistema. Depois de terminar o doutoramento, estarei aberta aos projectos e desafios que aparecerem.