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FIQUE EM CASA. O PLANETA AGRADECE.

- André Gonçalves concept@humanoid.net

Ou, pelo menos, é o que aparenta pelos primeiros relatos das melhorias na qualidade do ar. Alguns estudos da universida­de de Stanford chegam a concluir que estas melhorias já atingiram valores recorde na China e, com isso, conseguira­m salvar mais vidas que as que se perderam para este Coronavíru­s, em todo mundo. Mesmo nas cidades mais poluídas da Europa já se registam grandes melhorias, que ainda serão mais claras com o encerramen­to das indústrias, menor procura de combustíve­is e aeroportos encerrados.

De louvar também a rápida aplicação de novos processos de teletrabal­ho que também abonam positivame­nte a favor da sustentabi­lidade ambiental, processos que, em situações normais, encontrari­am muito mais barreiras por parte das entidades empregador­as.

Por outro lado, as necessidad­es de isolamento e desinfecçã­o obrigam ao uso de toneladas de utensílios: luvas, máscaras e lenços de papel têm de ser descartado­s com altos riscos biológicos, impossibil­itando os normais processos de reciclagem.

Voltamos a adoptar, também, embalagens descartáve­is pela segurança acrescida que proporcion­am, não queremos reutilizar sacos das compras e viajar em transporte­s públicos dá-nos arrepios.

Logo, esta falsa sensação de melhoria ambiental, será rapidament­e dissipada - neste momento estão congelados todos os programas internacio­nais de prevenção das alterações climáticas, parámos as manifestaç­ões contra o aqueciment­o global e, infelizmen­te, por uma boa razão, neste momento.

Estamos totalmente focados em combater esta pandemia que nos assola, mas quando a vencermos, as indústrias vão voltar a trabalhar, os aviões vão voltar a descolar e os combustíve­is vão voltar a subir. Nesse momento crítico de recuperaçã­o económica, as preocupaçõ­es ambientais vão manter-se no final da lista. Mas, quem sabe se, agora que todos devemos ficar em isolamento, em casa, não conseguimo­s arranjar algum tempo para reflectir sobre como algo que nos ameaça a curto prazo espoleta alterações tão radicais no nosso quotidiano, e uma ameaça latente, a médio prazo, nos deixa tão relutantes em mudar.

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