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A TECNOLOGIA E O VÍRUS

- PEDRO TRÓIA / Director

Pela primeira vez na história de humanidade, há uma pandemia num mundo dominado pelas tecnologia­s digitais, em que a informação viaja à velocidade da luz e em que os cientistas podem trabalhar colabora tivamen te para encontrar um tratamento ou uma cura, independen­temente do sítio onde estão. Mas também, nunca como agora a informação falsa, sobre esta doença, foi tão disseminad­a, principalm­ente através das redes sociais. Informaçõe­s que dizem que o vírus foi criado de propósito na China para conquistar o mundo (ou com qualquer outro fim), que a tecnologia 5G ajuda na propagação do vírus (o que já levou a actos de vandalismo contra retransmis­sores de redes móveis na Grã-Bretanha), que beber lixívia mata o vírus ou que existem medicament­os milagrosos que acabam com a doença, mesmo sem qualquer estudo científico que o prove.

E o pior de tudo é que há pessoas (algumas com cargos importante­s em governos ou parlamento­s) que, rodeadas de informação credível e verificada, optam por acreditar nestas e noutras coisas com o mesmo grau de implaus ibilidade. Não, porque seja difícil de acreditar que a radiação electromag­nética, devido às potências com que funcionam as redes móveis, não causam problemas para a saúde, ou muito menos que são um factor de propagação de vírus, mas sim porque não se dão ao trabalho de ler um bocado. Não é necessário tirar um curso de física ou de medicina, basta procurar um pouco.

Este é também um trabalho que tem de ser levado a cabo pelos veículos de informação, nomeadamen­te pelas redes sociais e pelos repositóri­os de conteúdos, como o YouTube. Os algoritmos têm de ser afinados para excluir informação falsa e, quando isso não for possível, é necessário reforçar as equipas humanas de moderação para limitar a disseminaç­ão de conteúdos que são falsos e, mesmo potencialm­ente, perigosos para a saúde pública.

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