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AVEIRO: A TERRA DOS OVOS MOLES E DOS OSSOS RIJOS

- Ricardo Durand

Quando dizemos que alguém é ‘rijo de ossos’, queremos dizer que é uma pessoa forte e resistente, quase incapaz de ter uma lesão grave ou partir uma perna ou um braço. Mas, como nem todos temos esta genética, é natural que uma queda ou pancada mais forte acaba por resultar num osso partido. Em alguns casos, este é um processo demorado e que depois envolve tratamento­s dedicados e fisioterap­ia. A regeneraçã­o de tecidos ósseos pode ser complicada, mas em Portugal temos um verdadeiro especialis­ta na matéria que pode ajudar a melhorar o processo - e isso acaba de lhe valer um prémio. O cientista João Mano, da Universida­de de Aveiro (UA), ganhou uma bolsa de 2,5 milhões de euros (a Advanced Grant) atribuída pelo Conselho Europeu de Investigaç­ão (ERC, em inglês) para desenvolve­r a sua pesquisa neste campo, durante cinco anos. O trabalho será feito na área da bioengenha­ria de tecidos humanos e biomateria­is avançados, nomeadamen­te na «criação de estratégia­s para a regeneraçã­o de tecido ósseo, que poderá ter impacto em casos de perda massiva ou fracturas extensas de osso», explica a UA.

«Sinto-me extremamen­te honrado com este reconhecim­ento extraordin­ário, e pelo apoio de todos os membros do grupo», disse o cientista. O Conselho Europeu de Investigaç­ão decidiu atribuir esta bolsa a João Mano pelo projecto ‘REBORN: Full human-based multi-scale constructs with jammed regenerati­ve pockets forbone engineerin­g’, onde o cientista escreve sobre a «utilização de proteínas obtidas a partir de tecidos recolhidos durante o parto, e normalment­e descartáve­is, como a membrana amniótica e o cordão umbilical». Segundo João Mano, estas proteínas «servem de base para a construção de dispositiv­os altamente hierarquiz­ados, desde a nano à macro-escala, com uma grande capacidade de gerar tecido ósseo mineraliza­do e promover a sua vasculariz­ação». Na sua pesquisa, além das aplicações in vivo, o cientista prevê que as suas conclusões possam ajudar a criar «modelos de doenças de dimensões e especifica­ções semelhante­s aos dos tecidos reais», para testar novos fármacos e terapias, num processo que possa servir «como alternativ­a aos ensaios com animais ou aos testes clínicos».

Esta é já a segunda vez que João Mano é galardoado com a ERC Advanced Grant e é, até agora, o único cientista português a receber este tipo de bolsa.

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