EPIC vs. O MUNDO
O mercado dos jogos em dispositivos móveis está em pé de guerra porque a Epic Games, a empresa responsável pelo muito bem-sucedido jogo Fortnite, foi banida das lojas da Apple e Google por ter desenvolvido um método que permite aos jogadores comprarem conteúdos directamente, sem passarem pelas lojas de aplicações e, assim, evitar pagar as comissões respectivas.
A Epic argumenta que, essencialmente, as lojas de aplicações da Apple e da Google funcionam como monopólios e que os argumentos de que apenas as transacções feitas nas lojas são seguras não tem nada que ver com a segurança dos consumidores, mas apenas com o lucro da Apple e Google. E processou a Apple por práticas monopolistas.
Já as lojas argumentam que a Epic violou os termos de utilização das lojas e que, por isso, os títulos da empresa foram removidos. Mais recentemente, a Apple anunciou que vai não vai renovar à Epic o acesso às ferramentas de desenvolvimento de aplicações Apple a partir do final de Agosto.
Para ajudar, a Apple encontra-se no meio de uma investigação da UE por abuso de posição dominante no mercado dos dispositivos móveis, precisamente por causa das políticas comerciais relacionadas com a App Store. Na minha modesta opinião, a Epic tem razão. Claro que o problema da Apple com as compras nas aplicações que escapem ao seu controlo tem apenas que ver com perdas de dinheiro e nada tem a ver com a “segurança” dos utilizadores. O facto de ser um jogo com muito mais de cem milhões de jogadores em iOS também fez com que a Apple olhasse com muito mais atenção para Fortnite. A questão da remoção das ferramentas de desenvolvimento é um pouco mais preocupante porque a Epic também é responsável pelo motor de jogo Unreal Engine, que é usado em muitos títulos e que pode deixar de continuar a ser desenvolvido se a Epic deixar de ter acesso à plataforma. Obviamente, que tudo isto vai acabar num acordo qualquer, que pode passar por uma redução das comissões cobradas à Epic ou qualquer outra coisa. O importante é que a Apple e Google vão ter de pensar muito para evitar mais situações como estas no futuro e, acima de tudo, evitar as multas que vão ser condenadas a pagar a médio prazo.