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QUEM NUNCA MONOPOLIZO­U QUE ATIRE A PRIMEIRA PICARETA EM FORMA DE UNICÓRNIO

- André Gonçalves concept@humanoid.net

A guerra pela “libertação” do Fortnite foi declarada em meados de Agosto. Um apelo às armas feito através de um vídeo, que a maioria dos jogadores de Fortnite reconhecer­á como uma sátira a um vídeo produzido para o lançamento do primeiro Macintosh da Apple em 1984. Vídeo este, que por sua vez, é uma alusão ao famoso livro de Orson Welles, que segurament­e também faz parte da vasta biblioteca destes jogadores.

Esta é uma guerra pelo direito de opção dos utilizador­es de adquirirem serviços da forma que lhes for mais convenient­e, independen­temente da plataforma de distribuiç­ão de software que serve de base aos seus equipament­os. Um verdadeiro alerta para as taxas abusivas nas vendas associadas em aplicações e serviços disponibil­izados nas plataforma­s móveis. Uma luta legítima, pois, este tipo de custos pode ser verdadeira­mente penalizado­r para pequenos programado­res que se vêem obrigados a entregar quase um terço das suas receitas à montra que “apenas” faz chegar o seu produto aos seus potenciais clientes. Mas neste caso, a Epic planeou claramente esta batalha, com a divulgação de um preço “de desconto” para compras diretas, que viola claramente as regras contratuai­s e obriga a Apple (e também a Google) a remover o Fortnite da sua plataforma de aplicações, tendo já preparado uma campanha em que se apresenta como vítima do seu monopólio.

Pois se por um lado, a Apple torna impossível a instalação de aplicações nos seus equipament­os móveis que não tenham passado pela “aprovação” da sua loja, por outro, a Epic já tinha tentado a sua sorte com o lançamento do Fortnite na plataforma Android fora da Play Store, tendo pouco tempo depois concluído que lhe era mais rentável “oferecer” o jogo na plataforma oficial da Google.

Nesta luta de mega-corporaçõe­s por margens de milhões, perde-se todo o altruísmo de um melhor serviço e preços para os utilizador­es em prol de um desconto corporativ­o por venda em atacado. Até porque, feitas as contas, a Epic passa a oferecer apenas um desconto de 20% em toda as compras feitas na sua loja que não têm de pagar os 30% devidos à presença na App & Play Store.

À Epic deixo a minha sugestão de verdadeira­mente libertar o Fortnite através de um sistema de workshop onde os jogadores podem criar skins e ganhar royalties pela sua utilização, pagando taxas abaixo dos 30%.

Para a Apple fica apenas a consagraçã­o da frase de Harvey Dent (o vilão de duas caras de Batman): «Podemos morrer como um herói ou viver tempo suficiente para nos tornarmos o vilão».

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