ISTO SÓ VÍDEO
BÀs vezes costumo dizer que fui youtuber antes do tempo.
Só tive o meu primeiro PC em 2000, onde com uma webcam VGA da Creative e um microfone de mesa, de marca branca, conseguia fazer algumas brincadeiras que não podia publicar em lado nenhum. No Windows Me, e mais tarde no XP, corria o Movie Maker que chegava e sobrava para as encomendas. Eu e um amigo, inspirados pelos acontecimentos diários, gravámos alguns vídeos, daqueles que ainda hoje não envergonham. Na altura, partilhar as nossas criações era e não era um problema. Passo a explicar: se por um lado não havia qualquer plataforma onde pudéssemos publicar as obras, por outro também não sentíamos necessidade disso. Nunca me lembro de ter dito qualquer coisa como «o que era bom era existir um site para publicar estes vídeos todos», porque quando o queríamos fazer mandávamos um e-mail ou partilhávamos pelo MSN Messenger. Hoje, escusado será dizer, que a fama está online, seja a mostrar um jogo com comentários em directo, a engolir canela como se fosse água ou a pregar partidas (o chamado ‘trolar’) aos amigos. Há as danças do TikTok e até o Instagram já tem os Reels para acompanhar a tendência. Fazer aquilo de que se gosta, sem ser um trabalho, e ainda ganhar alguns milhares de euros com isso é ouro sobre azul. E, aqui, há muitos exemplos disso, sobretudo tristes. Mas, apesar de as minhas referências no YouTube estarem todas lá fora (Casey Neistat, Chris Stuckmann, Marques Brownlee, Key & Peele), Portugal também está cheio de exemplos de sucesso, que mostram muita criatividade e resiliência. Quer se goste ou não do estilo, não me custa nada reconhecer o esforço e a qualidade de muitos youtubers portugueses. Até porque, com as devidas diferenças, já passámos todos pelo mesmo.