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A INTERNET EM TEMPOS DE CONFINAMEN­TO

- PEDRO TRÓIA / Director

Este mês vi uma reportagem na TV sobre uma aluna do secundário a viver no interior do País que, para conseguir assistir às aulas à distância, precisa que o pai a leve a um sítio específico, para ter sinal de rede móvel forte e manter uma ligação mais ou menos estável à Internet. Infelizmen­te, não estou a escrever estas linhas em 1990, nem tão pouco no ano 2000. Estamos em 2021.

Durante 2019 e 2020, devo ter recebido algumas dezenas de comunicado­s de imprensa a dar conta de que o serviço de fibra óptica tinha chegado aqui ou ali, que a rede móvel da empresa X ou Y era melhor que a de todos os outros, em termos de cobertura, rapidez ou estabilida­de. Enfim, todos tiveram razões para celebrar qualquer coisa. Apesar de toda a bazófia, em 2021, há pessoas que vivem em Portugal e não conseguem ter acesso a uma Internet que chegue para, pelo menos, ter aulas online em qualquer ponto do território nacional. No seguimento do assunto anterior, desde o primeiro decreto de estado de emergência de 2021 (em Janeiro) que os operadores podem ser obrigados a cortar o acesso a determinad­os serviços online, considerad­os não essenciais (como o YouTube, Netflix ou jogos online), para garantir que os serviços essenciais consigam funcionar sem interrupçõ­es. A meio de Fevereiro, por qualquer motivo (suspeito que a culpa seja da falta de notícias sobre COVID), este assunto veio outra vez à baila e foi amplificad­o por meios de comunicaçã­o generalist­as, que deram a notícia como se o Netflix, o YouTube o Facebook, ou a nova rede social Clubhouse, estivessem prestes a serem desligados e que iríamos todos ficar condenados a ver só telenovela­s ou a ARTV. Ou pior, ouvir rádio, em vez do nosso podcast favorito. Não. Antes de isso acontecer, os operadores têm outras formas de dar prioridade a certos tipos de tráfego, para que a infra-estrutura não colapse. E suspeito de que, num país em que cerca de um terço da população não tem acesso à Internet, o excesso de tráfego não será um grande problema.

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