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/ DEFEITOS ESPECIAIS

- RICARDO DURAND / Editor

O Ricardo Durand fala da sua experiênci­a na rede social do momento, a Clubhouse.

Como me tem acontecido várias vezes, nos últimos tempos, começo a ver as mais recentes tendências e notícias pelo 9gag, mesmo antes de entrarem na agenda, em Portugal. Desta vez foi a Clubhouse, a nova rede social em que só se pode falar - não há mensagens escritas, não se pode enviar imagens ou GIF, não há timelines, não há likes - basicament­e, não há texto - só voz. Não dei grande importânci­a quando vi os primeiros posts sobre esta app, mas como é normal acontecer no meio, as novidades atingem-nos como um comboio a alta velocidade. Aqui foi isto que aconteceu: comecei a ver uma luz ao fundo e quando me tentei desviar, já era tarde demais. O Clubhouse ardeu como fogo em palha seca. A verdade é esta: depois de a usar durante alguns dias, Instagram, Twitter e Facebook tornam-se redes sociais do século passado - a Clubhouse parece ser a rede social do futuro, uma esmistura entre um podcast ao vivo, com Linkedin e um Zoom sem vídeo. Aqui, entramos em directo, temos uma voz que se pode ouvir sobre vários assuntos e discutimos lado a lado com personalid­ades que estamos acostumado­s a ver em debates da televisão. Em Portugal, há algumas salas para debater vários assuntos, desde política a coisa nenhuma (mas não futebol, ainda) - a partir da meia-noite temos, inclusive, uma discoteca onde podemos ouvir música, meter conversa com outras pessoas, e fingir que não estamos apenas deitados na cama com os fones nos ouvidos. Como é que podemos explicar o rápido e, provavelme­nte, fugaz sucesso do Clubhouse? De duas formas: dá uma voz ao cidadão comum e põe-na ao nível das tais personalid­ades; depois, e mais interessan­te, afasta os trolls que costumam pastar no Facebook e no Twitter, uma vez que aqui a opinião tem de ser dada em directo e está, em tempo real, sobre o escrutínio da audiência. A pergunta é: o Clubhouse vai sobreviver ao confinamen­to? Pela nossa saúde mental, espero que não.

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