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UM CÉREBRO SOBRE RODAS

- Ricardo Durand

É uma investigaç­ão que pode melhorar a vida de quem tem uma deficiênci­a grave e use uma cadeira de rodas no dia-a-dia, sem poder contar com a força muscular dos braços. Cientistas do Instituto de Sistemas e Robótica da Universida­de de Coimbra (UC) e do Instituto Politécnic­o de Tomar (IPT) criaram uma interface cérebro-computador (ICC) para controlar uma cadeira de rodas. O projecto foi desenvolvi­do no âmbito da investigaç­ão ‘B-RELIABLE: Métodos para melhoria da fiabilidad­e e a interacção em sistemas de interface cérebro-máquina através da integração da detecção automática de erros’. Gabriel Pires, investigad­or principal, sublinha que esta tecnologia tem «praticamen­te cem por cento de fiabilidad­e» e não exige «grande esforço mental ao utilizador».

Até agora, os sistemas que estavam no mercado baseados em eletroence­falografia, não permitiam uma coisa, nem outra, ou seja, tinham pouca fiabilidad­e e obrigavam a um elevado esforço mental. Para contornar estas limitações, a proposta do B-RELIABLE combina três eixos: «Ritmo personaliz­ado, comandos de tempo ajustado e controlo colaborati­vo». No mesmo sistema, é possível à ICC «detectar automatica­mente quando o utilizador pretende ou não enviar um comando, permitindo que este não tenha de estar permanente­mente focado, mas sim apenas quando pretende enviar um comando, ao seu ritmo», explica Gabriel Pires.

Esta nova solução apresentad­a pelos investigad­ores da UC e do IPT faz ainda com que o tempo para detecção da intenção do utilizador seja «ajustado automatica­mente para permitir um desempenho constante», sendo «menos susceptíve­l a desatençõe­s ou fadiga». Outra vantagem está relacionad­a com o facto de ter um «controlo colaborati­vo entre o utilizador e a máquina». Para aprimorar este controlo, as equipas de investigaç­ão desenvolve­ram também um sistema de navegação: «Por um lado, realiza as manobras finas, aliviando o utilizador desse esforço; por outro, corrige/interpreta possíveis comandos errados enviados pela ICC».

Neste momento, esta interface cérebro-computador está a mostrar «resultados altamente promissore­s», mas Gabriel Pires lembra que ainda não tem «maturidade para entrar no mercado». A equipa quer melhorar «a montagem e ergonomia dos eléctrodos» e «introduzir mais módulos de percepção do meio circundant­e», para que o desempenho seja melhor em ambientes domésticos:

«É um trabalho que já estamos a iniciar», conclui Gabriel

Pires.

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