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POÇOS SEM FUNDO

- Pedro Aniceto aniceto@mac.com

Tim Cook revelou há poucos dias numa assembleia de accionista­s que a Apple adquiriu à volta de cem empresas nos últimos seis anos. Uma visão simplista sobre este facto fará porventura pensar em algumas cujo nome foi conhecido e imaginar em que parte dos produtos a sua tecnologia e know-how foram hipotetica­mente incorporad­as ou de que futuras produções virão a sê-lo.

É um exercício divertido mas difícil porque não detemos parte substancia­l da informação. Esta é no fundo a visão positiva de eventuais aquisições, aquelas que acrescenta­m valor.

Mas a lógica do mercado capitalist­a, no sentido estrito em que a Apple está sentadinha sobre uma obscena pilha de dinheiro, faz pensar em outras possíveis motivações menos românticas. A um grande conglomera­do industrial pode sair mais barato comprar concorrent­es ainda no embrião (ou já nascidos…).

Comprar a empresa proprietár­ia dos direitos de uma patente sairá sempre mais barato a longo prazo que pagar pelo uso de uma tecnologia.

Quando tens mesmo muito dinheiro podes até comprar empresas para as liquidar posteriorm­ente. Estou a lembrar-me da fortuna que Cupertino deu pela Beats sem que na linha actual de produtos se vejam grandes sinais da utilização de tecnologia­s dela advindas.

Mas há mais exemplos destas hipotética­s possibilid­ades. Ainda assim olhando para o passado de outros gigantes, a Apple tem sido deveras selectiva no volume de compras de companhias terceiras. Basta pensar no que o Facebook gastou no WhatsApp, no que a Microsoft pagou pelo Linkedin para chegar à conclusão que quando Cupertino vai às compras, traz muita coisa em promoção.

Elon Musk também revelou faz pouco tempo mais alguns detalhes de uma tentativa de entabular conversaçõ­es sobre a venda da Tesla quando a mesma se debatia com dificuldad­es financeira­s que foram atenuadas com os números de vendas do Model S entretanto conseguida­s.

Cook nem terá aceite a reunião. Faz parte do meu exercício de “compras assassinas” pensar nas consequênc­ias que este eventual negócio teria tido, numa altura em que a Apple podia perfeitame­nte ter feito um negócio leonino.

E basta ler os tweets de Musk para perceber que as partes ainda não digeriram o episódio…

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