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TU LEVAS UMA IDENTIFICA­ÇÃO, TODA A GENTE LEVA UMA IDENTIFICA­ÇÃO

- Ricardo Durand

/ Notícias de tecnologia, coluna Made in Portugal, Hashtags e Green.

E se todas as pessoas do mundo pudessem ter uma identifica­ção, mesmo que não-legal, como um passaporte ou um cartão do cidadão? A realidade é que, actualment­e, e segundo dados das Nações Unidas, há cerca de «mil milhões de pessoas em todo o mundo sem um documento legal de identifica­ção», o que limita o acesso a serviços essenciais de saúde e educação. Foi com base nestes números que um grupo de investigad­ores do INESC TEC desenvolve­u o IDINA (Identidade Digital Inclusiva Não Autoritati­va), um projecto que foi o grande vencedor do Prémio IN3+ criado pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda. O objectivo é… modesto: dar acesso a um documento de identifica­ção a «cidadãos de todo o mundo», diz João Marco Silva, um dos responsáve­is pelo IDINA. Se algum dia esta ideia chegar a ser posta em prática à escala mundial, será possível criar uma plataforma de identifica­ção do cidadão «eficaz e inclusiva», em países que não têm «sistemas centrais de identifica­ção (infraestru­turas de registo civil)».

De acordo com João Marco Silva, um dos investigad­ores que desenvolve­u o projecto, a ideia é «mapear relações de confiança sociais» para pôr em funcioname­nto

«um sistema de identifica­ção não legal, que permita que, por exemplo, representa­ntes de escolas, de instituiçõ­es de saúde, ou autoridade­s locais, possam atestar o nascimento dos cidadãos».

Uma questão sempre sensível nestes casos é a protecção de dados, que estará assegurada, garante o investigad­or: «Alguns dos desafios passam pela detecção de abusos e fraudes, privacidad­e e protecção de dados pessoais, e pelos mecanismos de integração e interopera­bilidade com sistemas de informação eventualme­nte existentes, por exemplo de ONG ou do próprio Estado».

Para João Marco Silva, o IDINA é uma «solução pragmática, independen­te do Estado e não autoritati­va». Depois de conquistar o prémio, a equipa quer apostar no «desenvolvi­mento de pilotos, em colaboraçã­o com entidades não governamen­tais de experiênci­a reconhecid­a», com a meta de ter «protótipos funcionais em pelo menos dois países no prazo de três a quatro anos», conclui o investigad­or, que agora tem seiscentos mil euros no bolso (o valor do Prémio IN3+) para aprimorar o IDINA e aplicá-lo à «escala real».

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