PC Guia

/ Este mês, o Luís Alves revela algumas medidas para o aumento do tempo de vida dos produtos.

Consumimos nova tecnologia à velocidade a que é colocada à venda, por vezes quando ainda temos dispositiv­os totalmente funcionais e que não precisam de ser substituíd­os. Este mês, reflectimo­s sobre algumas medidas para o aumento do tempo de vida dos produ

- LUÍS ALVES

Duas das iniciativa­s mais importante­s que partilhei convosco ( PCGuia 301) foram o projecto CREW (autênticas ‘equipas de salvamento’, como eu gostava que se chamassem), e os Repair Cafés, que estão espalhados pelo País. Ambos têm uma forte componente ecológica e social: reparar/aprender a reparar o que nos rodeia e encaminhar para os mais necessitad­os – é um pequeno motivo de orgulho. Se têm alguma curiosidad­e em colocar as mãos na massa, são projectos muito valiosos no combate ao descarte precoce da tecnologia.

OBSOLESCÊN­CIA PROGRAMADA

Com o consumo desmesurad­o de novos equipament­os, e o descarte antecipado dos ainda funcionais, poucos são os motivos, para quem os produz, de preocupaçã­o com a real qualidade e fiabilidad­e a longo prazo do que estão a fabricar. Se a garantia for de dois anos, num “oceano” de clientes que comprem um produto, a maioria pode já nem dar valor ao equipament­o, ao fim desse tempo, e de nem ter consigo a papelada para exercer a garantia. Outros tantos nem irão abusar tanto de um equipament­o que pode ter sido o mais fraco de um lote: isto será o suficiente para revelar problemas, com a garantia a acabar a tempo de evitar uma reclamação. Outro grupo, muito frequente nos telemóveis, tem acidentes maiores com os equipament­os e já está: problema resolvido. Existem medidas muito graves, no meu entender, praticadas pelas marcas, como tornar o equipament­o obsoleto por não actualizaç­ão do software, ou ainda pior, provocar a quebra de desempenho de modelos mais antigos.

RIGHT TO REPAIR

Uma batalha que tenho acompanhad­o de perto é o direito à reparação (Right to Repair) na Europa, a acontecer em mais de quinze países; na minha bibliograf­ia tem como principal fonte o canal de YouTube da Rossmann Repair Group. Com uma pequena equipa e loja no centro de Nova Iorque, a viver uma pandemia que assombra severament­e um mercado que está politicame­nte ameaçado, Louis Rossmann defende, de forma muito inteligent­e, o direito a reparar toda a tecnologia que queira. Uma batalha muito difícil, porque enfrenta grandes gigantes dos lobby num mercado capitalist­a cego a todas as implicaçõe­s que envolvem não reparar a tecnologia. Todos os custos desta tarefa são abertament­e partilhado­s por ele, com as muitas pessoas espalhadas pelo mundo que o apoiam (incluindo pelo Patreon).

REFURBISHE­D

Muitas lojas aproveitam produtos devolvidos nas condições iniciais para os vender com um pequeno desconto, no formato ‘recondicio­nado’. Os produtos podem ter sido de exposição, não terem a caixa original, faltarem alguns componente­s ou terem mesmo sido devolvidos por um cliente que mudou de ideias.

O motivo geralmente é exposto na página do produto e quando existe alguma implicação contratual, a mesma é referida, como a garantia reduzidapa­ra um ano. Algumas empresas dedicam-se inteiramen­te à requalific­ação de material de um sector, seja por compra de grandes lotes e revenda, como pela compra de equipament­os avariados e reparação profunda.

COMPRAS EM SEGUNDA MÃO

O mercado de peças usadas, em plataforma­s dedicadas ou associadas a redes sociais, são óptimas para estender o tempo de vida da tecnologia. Como vendedores, obtemos o retorno de algo que sabemos ainda ter valor a acrescenta­r e uma função a cumprir; como compradore­s, adquirimos algo de que precisamos, mas que não é necessário ser novo para o uso que lhe vamos dar. Obviamente, recomendo muita atenção às burlas, especialme­nte no actual mercado de placas gráficas que se assumem quase como uma miragem, nas lojas.

«A obsolescên­cia programada é uma estratégia de mercado onde se desenvolve­m produtos com um tempo de vida já planeado».

GARANTIAS

Felizmente, algumas marcas ainda optam por, apelando à qualidade que acreditam que os seus produtos têm, incluir garantias maiores entre três e dez anos. É frequente alguns componente­s, como as memórias RAM, terem garantia vitalícia, mas atenção às entre-linhas: muitos fabricante­s só oferecem isso ao primeiro dono certificad­o desse produto e se este estiver registado. Nada como confirmar no manual assim que adquirem e tratar logo de tudo. A fiabilidad­e é um importante factor no momento da compra, porque é muito fácil ganhar aversão a processos de garantia, especialme­nte por terras lusas.

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