O CURTO-CIRCUITO DA ELECTRÓNICA /
O mercado dos semicondutores está virado do avesso. Parece que durante 2020, e já em 2021, se formou uma tempestade perfeita, que fez com que o mercado dos componentes electrónicos perdesse a sua habitual eficiência e arrastasse muitas outras indústrias. Tudo começa muito antes de 2020, com a imposição de um bloqueio de importação e de exportação a várias empresas chinesas por parte dos EUA. Depois vem a pandemia, que causou um aumento muito significativo na procura de dispositivos electrónicos por parte das massas fechadas em casa. A seguir, chegou a febre da mineração das criptomoedas, que ajudou a tornar mais caros vários componentes para computadores, nomeadamente os processadores gráficos. E ainda há os problemas de fabrico que advieram, por um lado, do facto de muitos fabricantes estarem a alterar os métodos de fabrico dos chips para outros mais avançados (o que faz com que seja necessário fazer afinações que atrapalham os primeiros tempos desses novos processos de fabrico); e, por outro, pelo facto de os fabricantes preferirem, naturalmente, fabricar os componentes que oferecem mais margem de lucro, em detrimento de outros, mais baratos, mas que não deixam de ser importantes (por exemplo, o preço dos ecrãs LCD subiu bastante nos últimos tempos porque há um componente que custa menos de um dólar (!), que se tornou muito escasso devido a não haver quem o fabrique em grandes quantidades).
Todos estes factores contribuíram para aumentos de preços e para a escassez de componentes necessários para o fabrico de dispositivos, que vão desde os automóveis até às máquinas de café. Muitas pessoas são da opinião de que esta escassez vai durar até 2022 e talvez mais. Além de tudo isto ser um problema complicado para muitas indústrias, deixa à mostra a inabilidade do ocidente para tomar as rédeas da inovação e de aproveitar esta oportunidade.