TECNOLOGIA EM MOVIMENTO
O Gustavo Dias explica que a falta de chips vai continuar, porque marcas e fabricantes não apostam noutros fornecedores e a TMSC já está a trabalhar a 100%.
Colocando de lado toda a tragédia causada pela pandemia, esta serviu também para revelar o quão dependentes estamos da tecnologia. Com áreas que foram gravemente afectadas com a falta de chips (como a indústria de dispositivos móveis, computadores e componentes, consolas, electrodomésticos, televisores, e inclusive a área automóvel, com várias fábricas encerradas à espera dos chips), esta era a altura ideal para fazer uma mudança importante: garantir a redundância no fornecimento dos componentes. Porém, o maior fabricante mundial de semicondutores (o mais afectado) continua a liderar a acumulação de novos contratos… não estou com isto a retirar o mérito à TSMC, até porque ninguém investiu tanto quanto eles para chegar onde chegaram, mas não acham que está na altura de deixarmos de pôr todos os ovos no mesmo cesto? Existem várias alternativas no mercado, algumas tão avançadas como a própria Samsung, mas para quem não necessita de chips a sete, seis ou cinco nanómetros, poderá perfeitamente recorrer a outros fabricantes, como a GlobalFoundries (as antigas fábricas da AMD) ou a própria Intel. Esta última até tem a particularidade de ser o mais recente cliente da TSMC, ao reconhecer o seu próprio falhanço e a contratar o fabricante de Taiwan para produzir os chips que não consegue. Se a isso juntarmos a Apple, que produz todos os seus chips proprietários (como o A14 e o M1), a AMD que encomenda todos processadores e gráficas, a Nvidia (excepto as RTX 30) e a própria Tesla, torna-se difícil perceber como pode uma empresa, que já está a trabalhar a 100%, conseguir dar vazão a todas estas e às novas encomendas, sem a construção de novas fábricas, que certamente demorarão anos a atingir a eficiência e volume de produção das existentes. Até lá, resta-nos continuar a protestar com a falta de PS5 e GeForce RTX 3080.