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OBRIGADO, SIR CLIVE SINCLAIR!

- PEDRO TRÓIA / Director

Quando, em 1982, tive a oportunida­de de começar a programar em BASIC num ZX8, não posso dizer que foi a primeira vez que usei um computador, mas foi a que mais me marcou. Depois, vieram os vários ZX Spectrum onde me iniciei em projectos um pouco mais complicado­s. Curiosamen­te, o primeiro ZX Spectrum que tive foi o 128 K, com um deck de cassetes incorporad­o, porque, até essa altura, apenas tinha usado computador­es Sinclair emprestado­s ou em casa de amigos. Clive Sinclair foi um produto típico do início da indústria da informátic­a pessoal do fim dos anos setenta e início dos anos oitenta do séc. XX. Foi uma era de descoberta, em que surgiram muitas pequenas empresas como a Apple, Osborne, Amstrad, Acorn e a própria Commodore, que foram capazes de nos trazerem produtos singulares e que, acima de tudo, conseguira­m fazer coisas que hoje são praticamen­te impossívei­s.

Com os ZX80, ZX81 e ZX Spectrum, Sinclair quis construir um computador realmente capaz de entrar em casa de, praticamen­te, qualquer pessoa, numa altura em que os computador­es eram tudo menos pessoais, quer por causa do preço, quer por causa do tamanho. O sistema operativo destes computador­es era a própria linguagem de programaçã­o e, em termos de hardware, estavam cheios de compromiss­os entre preço e funcionali­dades. Quem já usou um Spectrum, sabe que o teclado em borracha não era lá muito bom, havia colisão de cores no ecrã e os programas nem sempre carregavam­m por causa da fita da cassete ou do gravador. Ainda assim, foi um sucesso, principalm­ente na Europa, porque o mercado dos computador­es pessoais dos Estados Unidos era dominado pelo Commodore 64. Clive Sinclair foi um pioneiro e tem todo o direito de estar no panteão dos grandes inventores da tecnologia que hoje usamos, ao lado de Jack Tramiel ou Steve Jobs.

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