“Ser treinador é a perspetiva de futuro”
Passou por Sporting, Arsenal e Benfica. Ficou com algum vínculo emocional?
RF – Tenho ligações emocionais a todos porque todos marcaram a minha vida. Estive 10 anos no Sporting. De pequenino até aos 16 anos. Quase que fui lá criado. Depois, dos 16 até aos 19 estive no Arsenal, sozinho em Londres. Foi quando me tornei homem. Posteriormente o Benfica, onde passei uma das fases mais difíceis da minha carreira, pois estive lesionado bastante tempo. Estiveram sempre comigo e ajudaram-me em tudo o que era possível.
Pode identificar as diferenças entre estas três escolas?
PM – Aprendemos em todos os contextos. Diria que o campeonato é mais competitivo cá. Já as infraestruturas do Arsenal são muito diferentes, apesar de tanto o Benfica como o Sporting se estarem a aproximar desse nível.
Já jogou emPortugal, Espanha e Inglaterra. Qual é o contexto mais entusiasmante?
RF – Para quem, como eu, esteve tanto tempo parado devido a lesão, o que entusiasma mesmo é poder estar a jogar.
Nunca jogou tanto como esta época. Sente-se amargurado pelas contrariedade físicas que sofreu no arranque da carreira?
RF –O tempo em que estive lesionado foi quando aprendi mais. Atravessei uma fase menos boa em Espanha, até porque também jogava fora daquela que acho ser a minha posição. Foi um tempo estranho, que aproveitei para ver futebol e amadurecer. Regressei mais tranquilo e mais seguro de mim.
Já teve como treinadores Jorge Simão, José Peseiro, Rui Vitória, Paulo Fonseca, Jorge Jesus, Maurício Pochettino e Arsène Wenger. Algum deles é peculiar ?
“PARA QUEM ESTEVE TANTO TEMPO PARADO POR LESÃO COMO EU, O ENTUSIASMANTE MESMO É ESTAR A JOGAR”
RF – Como tenho a perspetiva de ser treinador no futuro, já há muito que comecei a procurar identificar-me com qual será a minha ideia. Aprendi um bocadinho com cada um deles, mas é evidente que uns marcam mais do que outros, como o Pochettino. Fui para a equipa B do Espanyol e foi ele que me promoveu à equipa principal. Sempre acreditou bastante em mim, apesar de ter sido nessa altura que joguei fora da minha posição, mas ele acreditava que eu poderia fazer aquele papel. Depois, claro, o Paulo Fonseca e o Jorge Simão porque também acreditaram em mim quando estava lesionado e isso é sempre gratificante. Mas identifiquei-me com todos e colhi informação de todos, até porque muita coisa mudou no futebol. Hoje o jogador é um elemento mais instruído. Entende a estratégia, de como tem de ser disciplinado taticamente e a importância do fator psicológico. Argumentos que dificultam ainda mais a tarefa dos treinadores. Agora já não podem dizer qualquer coisa no balneário. Têm de trabalhar de um modo muito mais abrangente. *