COM MUITA CLASES
Seleção Nacional, com Cristiano Ronaldo inspirado, assinou momentos de grande nível e conseguiu vitória concludente
Portugal derrotou ontem de forma clara a Hungria, realizando uma exibição categórica. Este triunfo afastou praticamente a equipa magiar dos dois lugares de acesso à fase final do Campeonato do Mundo, o primeiro diretamente e o segundo mediante a qualificação através de um playoff. O 3-0 é esclarecedor quanto à superioridade lusa mas não revela totalmente a supremacia que os comandados de Fernando Santos demonstraram. Com um Cristiano Ronaldo inspiradíssimo (dois golos em dois remates de belo efeito) e com momentos de futebol do mais fino recorte, todos ficaram, por certo, a pensar como foi possível a Seleção Nacional ter cedido um empate frente a esta equipa no Europeu de França. O jogo até não começou de feição para a turma nacional. Perante o 5x4x1 com que a Hungria se apresentou, Portugal teve algumas dificuldades em acertar marcações e, principalmente, definir os momentos em que devia pressionar no meio-campo adversário.
Nesta fase inicial do encontro, os magiares não causavam perigo, mas conseguiam ter uma posse de bola que começava a irritar os jogadores portugueses. Exceção feita a um cabeceamento de Ronaldo (20’) a centro de Quaresma, a formação das quinas não parecia dispor de argumentos para colocar o opositor em sobressalto. Mas, à passagem da meia hora, a Seleção Nacional ‘esgotou a paciência’, impôs-se definitivamente e assinou um período de grande fulgor. Houve rasgos de génio, jogadas espetaculares e, claro está, euforia nas bancadas.
O golo inaugural, que surgiu de uma triangulação perfeita entre Cristiano Ronaldo, Raphaël Guerreiro e André Silva, galvanizou a equipa e os húngaros não mais ‘respiraram’ até ao intervalo. O 20 chegou logo a seguir num lance tão ou mais vistoso. O avançado do FC Porto serviu o capitão de calcanhar e este atirou uma ‘bom- ba’ de fora da área, sem hipótese para o guarda-redes magiar. Ainda na primeira parte, André Gomes e, novamente, CR7 tiveram nos pés o terceiro golo, fruto de lances bem idealizados e melhor interpretados. Foi o período de ouro da Seleção Nacional.
Abrandar
Com a partida resolvida, e face à inoperância do adversário no ataque, Portugal baixou naturalmente o ritmo de jogo e não foi de estranhar que, embora sem criar qualquer situação de golo, a Hungria chegasse com mais regulari-
HÚNGAROS, COM POSSE DE BOLA, AINDA ‘IRRITARAM’ NO INÍCIO DO JOGO, MAS FINAL DA 1ª PARTE FOI AVASSALADOR
dade às imediações da área portuguesa. Sem grande esforço, Quaresma, Ronaldo, João Mário e companhia voltaram a levar a bola para o meio-campo contrário, assinando mais combinações interessantes, principalmente com Raphaël Guerreiro como interveniente. Neste cenário, o 3-0 não surpreendeu. Através de um livre direto, CR7 voltou a ‘levantar’ um Estádio da Luz, cujo público (em bom número) só tem de ficar agradecido pelos momentos de bom futebol (principalmente o último quarto de hora da primeira parte) a que pôde assistir. Até final, pouco mais se passou de significativo. Os jogadores portugueses, perfeitos em termos técnicos, usaram e, por vezes, abusaram de malabarismos e lances de nota artística elevada mas pouco consequentes, o que explica em muito o facto de o resultado até ter sido magro para a diferença de valor dos dois conjuntos. Esta vitória, no entanto, pouco ou nada muda nas contas do apuramento. A concorrência húngara está praticamente afastada, mas, no que diz respeito à qualificação direta para o Mundial, a derrota na Suíça tem ainda de ser retificada. *
“A HUNGRIA TENTOU TAPAR OS NOSSOS CAMINHOS MAS ADAPTÁMO-NOS MUITO BEM. O PRIMEIRO GOLO NASCE DE UMA JOGADA BRILHANTE” Mais informação na página 8