Madjer foi muito mais do que um calcanhar
FC Porto acabara de ser campeão da Europa e participava no Mundialito, em Milão, com Milan, Inter, Barcelona e PSG. O interesse mediático à volta dos novos heróis era imenso e traduziase na presença massiva de jornalistas dos quatro cantos do Mundo nos treinos e o hotel onde estavam instalados. Nesses dias loucos de fim de época, Artur Jorge anunciou a transferência para o Matra Racing e Paulo Futre desapareceu da concentração, levado por Jesus Gil, para se vincular ao Atlético Madrid.
A MANCHETE DE RECORD DIZIA QUE ESTAVA EM LISTA DE ESPERA PARA SAIR. FICOU EM TRANSE QUANDO A BOLA LHE CHEGAVA AOS PÉS ERA COMO SE O SOM AMBIENTE FOSSE ABAFADO PELA MAIS BELA SINFONIA DE QUALQUER COMPOSITOR GENIAL. FOI UM DOS MELHORES JOGADORES DA HISTÓRIA DO FUTEBOL
O próximo era Madjer. Fora a estrela da grande conquista de Viena e as informações apontavam, todas elas, para a saída. Num momento de descontração no hotel, perguntei-lhe: “Madjer, onde vai jogar na próxima época?” A resposta foi clara: “Vou continuar no FC Porto.” No dia seguinte, Lucídio Ribeiro, seu empresário, teve uma longa conversa com o jornalista, na qual confidenciou o desejo do argelino em sair; que havia duas propostas irrecusáveis e, mal chegasse ao Porto, teria reunião com os dirigentes portistas. Prevaleceu a versão de Lucídio (era mais substancial) e Record escreveu em manchete: “Madjer em lista de espera.” No dia seguinte, abordou-me com cara de poucos amigos. “Eu não sou mentiroso, pá!”, disse com todas as letras, tendo eu contraposto um atrapalhado “posso explicar?”. Não quis con- SECO. Depois de Viena informou que iria continuar no FC Porto. O empresário disse o contrário. Record optou pela versão de Lucídio Ribeiro. No dia seguinte disse ao jornalista: “Eu não sou mentiroso, pá!”
versas, disparou um “não podes”, virou as costas e foi à vida dele.
Rabah Madjer tinha as marcas de um artista maravilhoso. Quando a bola lhe chegava aos pés, era como se o som ambiente fosse abafado pela mais bela sin-