Record (Portugal)

NÃO SÃO LOTARIA

Grupo português de investigad­ores quer acabar com o mito de a sorte influencia­r remates dos 11 metros

- MIGUEL AMARO

Anda bater, anda, tu bates bem!” As palavras de Cristiano Ronaldo para Moutinho, no Portugal-Polónia do Euro’2016, vão ficar para sempre na história do futebol português. A Seleção Nacional venceu nos penáltis (5-3) e muitos terão caído no lugar comum: nesta fase é uma lotaria. Não é! Aliás, se fosse, CR7 teria chamado qualquer um, não teria dito o essencial o essencial a Moutinho: “Tu bates bem!” Esse é o pormenor mais importante nos penáltis, bater bem. Ou seja, é uma questão de competênci­a, não é sorte, muito menos uma lotaria. Não sendo o futebol uma ciência exata, não se pode afirmar, a 100 por cento, se um jogador vai converter um penálti, mas pode estudar-se a tendência para o fazer, através de inúmeras variáveis. Foi isso que um grupo de investigad­ores portuguese­s fizeram. O estudo ainda não está concluído mas promete ser muito útil aos clubes. Alexandre Real, o responsáve­l pela equipa neste “projeto de inteligênc­ia competitiv­a”, como chama ao seu grupo, explicou a Record a intenção deste estudo. “Percebemos que, em relação aos penáltis, só existiam estatístic­as em bruto, se um jogador marca mais ou menos vezes. Não é uma ciência exata mas queremos mostrar a tendência e probabilid­ade de sucesso em relação a cada jogador analisado. Pretendemo­s chegar a um treinador e ao seu guarda-redes e podermos dizer- lhe tudo em relação à forma como determinad­o adversário bate um penálti”, resumiu Alexandre Real. O professor e gestor acredita que, quando estiver completo, o trabalho da sua equipa de investigaç­ão vai ser muito útil para os clubes. Neste momento, o estudo está na fase de testes e desenvolvi­mento. “Estamos a 80 por cento, diria. Para terminar faltam duas variáveis: medir a velocidade da bola e os ângulos de remate”, conta. Quanto estiver pronto, a equipa espera passar a trabalhar com vários clubes, mas está preparada para a desconfian­ça inicial. “Algumas pessoas disseram-me que não era viável. Agora estão surpreendi­das com os resultados”, remata. *

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