Ronaldo eterno
Alguns clubes parecem lidar mal com a felicidade. Como certas pessoas numa relação. Incapazes de aproveitar o momento, valorizar quem têm ao lado e sempre à espera que o mal aconteça. Aquela tentação de ‘matar para não morrer’. O Real Madrid, na era Florentino Pérez, tem essa tendência para a ingratidão com muitos dos seus símbolos. Foi assim com Raúl González, foi assim com Iker Casillas, só para dar dois exemplos. Heróis do Bernabéu chutados para canto à primeira oportunidade. Como se aquela ligação de anos não passasse de um caso de uma noite. Sem direito a número de telefone ou almoço no dia seguinte.
Seria assim com Cristiano Ronaldo. Bastaria que o português, na próxima época, baixasse o nível e logo iria passar
UMA ESTRELA A OBRA DE CR7 MERECE SAIR QUANDO ESTÁ PRECISAMENTE NO TOPO
de imprescindível a elemento descartável. Rezam as crónicas e notícias que o melhor marcador de sempre dos merengues está disposto a seguir para outras paragens. Paris ou Manchester. Se for verdade, se o fizer, ninguém pode censurar Cristiano Ronaldo. Ninguém pode culpá-lo por sair de uma relação depois de ter conquistado duas Champions League consecutivas e ainda um campeonato. As taças ficam em Madrid. São do clube. E ele pode continuar sem ficar à espera que o abandonem. Seria esse o seu destino.
Dessaforma, não precisará mais de pedir aos adeptos para não o assobiarem. Mesmo marcando, mesmo ganhando, mesmo fazendo mais quando parece ser impossível continuar a quebrar recordes. Ninguém joga para sempre. Nem este super Ronaldo. Mas o que ele fez em Madrid será eterno. E alguém com tamanha obra merece sair quando está por cima em vez de ficar à espera que olhem para ele como um produto fora do prazo.