“Tecnicamente não são inferiores a nós”
Treinou a equipa sub-17 do Al Hilal durante uma temporada. Rui Águas viu de perto a evolução de vários jovens que, antes de chegarem aos clubes, ‘crescem’ no futebol de rua.
“O jogador saudita é bom tecnicamente. Adoram futebol. Há muita cultura de futebol de rua, apesar de ser um país com o clima muito quente. Em termos físicos, não são jogadores robustos. O típico jogador saudita não é alto e forte, mas, tecnicamente, não é inferior ao nosso”, explica Rui Águas, atual treinador do Pharco, do Egito. Com “condições de treino e grande afluência de jogadores” estrangeiros aos clubes, o futebol na Arábia Saudita está em evolução. “O governo ajudou os clubes, porque tem um plano estratégico nacional. O investimento que é feito em técnicos estrangeiros faz diferença, se compararmos com outros países, onde há mais dificuldades e as apostas são mais nacionais”, frisou o treinador português, relembrando ainda um adversário difícil de contornar na preparação dos treinos.
“O clima é um travão importan- te ao trabalho. Faz muito calor e os treinos decorrem ao final de tarde ou à noite. A cultura, o profissionalismo e a mentalidade são diferentes. Os cuidados com o descanso e alimentação são coisas muito confusas. É uma cultura austera, o que acredito que possa ser um choque demasiado grande para quem nasce e vive naquelas condições e depois tem uma oportunidade para jogar fora”, advoga o antigo internacional português, antes de explicar o sentimento que amanhã invadirá os sauditas. “Acredito que seja uma grande alegria para eles, estarem em Portugal. Mas será uma alegria estranha, porque só as pessoas europeias que viveram ou vivem na Arábia Saudita é que conseguem sentir o peso que a cultura tem”, remata Rui Águas. *