Itália e Buffon
A SELEÇÃO, QUE NOS HABITUOU A ESTAR NOS GRANDES MOMENTOS DO FUTEBOL MUNDIAL, ASSISTIU À DESPEDIDA DE UM GUARDA-REDES QUE A TODOS ENCANTA
Campeonato do Mundo da Rússia vai ter uma ausência de peso, a Itália, que há 60 anos não falhava uma fase final e vê-se agora de fora, para tristeza de uma pátria onde o futebol é um pequeno rei, e que tem um dos campeonatos mais mediáticos do Mundo.
A Itália sofreu um duro golpe, o futebol europeu de algu
ma forma também, porque se trata de uma seleção que nos habituámos a ver nos grandes momentos do futebol mundial e é ao mesmo tempo a triste despedida de um guarda-redes que nos encanta, Buffon, cujas lágrimas no final do jogo com a Suécia não podem deixar-nos insensíveis é indiferentes. Seria uma despedida merecida de uma carreira cheia de sucessos, um profis- sionalismo ímpar, e, além disso, estou a falar de um camarada de profissão e de posto, com quem nunca me cruzei em campo oficialmente, mas que encontrei há uns meses na Suíça num jogo particular de beneficência.
Sei o respeito que ele tem por
mim e pela minha carreira, da mesma maneira que ele sabe quanto o admiro. Aliás, ainda há pouco tempo fiz parte do júri FIFA que o considerou como o melhor guarda-redes do Mundo. É com tristeza que vejo a Itália fora do Mundial e tenho a certeza que alguma coisa vai mudar na organização do futebol italiano. É natu- ral que as vozes críticas se façam ouvir, mas o mais importante é entrar numa fase séria de reflexão sobre o futuro e não deixar que esta verdadeira tragédia se repita. Mais feliz e com outro tipo de preocupações vive a Seleção de Fernando Santos. Com o apuramento garantido, resta a Portugal tratar de preparar muito bem o Mundial, onde chegará com algumas expectativas e muitas responsabilidades.
Estes dois jogos de prepara
ção, que foram também saudavelmente de beneficência para as vítimas dos incêndios nas zonas de Viseu e Leiria, deram para perceber aquilo que já se desconfiava: Fernando Santos tem aí uma valente dor de cabeça para aliviar, porque são muitos os candidatos a um lugar. Claro que, nesta altura, o selecionador já tem uma lista muito firme e nomes que, se não esbarrarem em qualquer azar, têm o lugar garantido na Rússia. Há uma leitura muito importante a fazer nesta altura e até ao início do certame: obrigatoriamente, os jogadores têm de estar no pleno da sua forma, todas as distrações serão proibidas porque toda elas serão penalizadas. Fernando Santos levará à Rússia não os nomes, mas os jogadores que estiverem em melhor forma. Disso não tenho dúvidas e vai ser uma luta terrível, mas boa para Portugal.
AINDA HÁ POUCO TEMPO FIZ PARTE DE UM JÚRI FIFA QUE O CONSIDEROU O MELHOR DO MUNDO