Mais do que um jogo
Os leões jogavam a liderança frente aos vimaranenses, depois da conquista da Taça da Liga, mas começaram a ter uma noite vitoriosa ainda antes do remate certeiro de Mathieu. Esta crónica não é sobre a chegada da equipa de Jorge Jesus ao primeiro lugar ou acerca da impressionante série de 13 jogos consecutivos sem derrotas (esta época só perdeu em duelos europeus).
Este é umtexto sobre ser grande, independentemente do número de golos ou de pontos. É ser grande no jogo da vida, no que verdadeiramente interessa, no lado humano, tantas vezes colocado para segundo ou terceiro plano num futebol que se alimenta de suspeitas, intrigas, ofensas e disparates.
DanielRaimundo, adepto do Sporting que enfrenta uma
NAQUILO QUE INTERESSA, O FUTEBOL PORTUGUÊS, POR VEZES, AINDA SABE SER GRANDE
doença terminal, deu o pontapé de saída no jogo com os vitorianos. Jorge Jesus confortou-o com um sentido abraço e, já antes, Bruno de Carvalho dedicara-lhe a vitória na Taça da Liga.
Treinadores, presidentesejogadorespassam. Mas os adeptos serão sempre a alma dos clubes. Aqueles que vivem e sentem intensamente as vitórias e derrotas, mesmo quando na sua vida travam batalhas mais dolorosas, trágicas e importantes. Daniel tinha o sonho de subir ao relvado de Alvalade. O Sporting concretizou-o. Deu o que podia dar. Um escasso momento de alegria para alguém que vive em tanto sofrimento. Um gesto simples, bonito e de aplaudir.
No estado atualdas coisas, este nunca será um acontecimento polémico o suficiente para abrir telejornais ou alimentar debates futebolísticos. Contudo, faz-nos perceber que, naquilo que interessa, o futebol português, por vezes, ainda sabe ser grande. Parabéns ao Sporting. E toda a força do mundo para o Daniel.