“Portugal aplicou o punhal a França”
Já que falámos do Euro’2000, é inevitável perguntar-lhe sobre o célebre penálti na meia-final com a França. É um assunto que está completamente arrumado?
AX – É um assunto que já não é assunto. Por ocasião do Euro’2016, voltaram a perguntar-se sobre essa situação. Dei uma entrevista em que disse que nós fomos chamados de ‘Geração de Ouro’, mas talvez ouro escovado; esta geração de Fernando Santos é que é uma geração de ouro polido porque venceu a prova. Uns dias antes da final do Euro’2016, um jornalista francês telefonou-me e fez-me uma pergunta. Não a pergunta intemporal, que todos fazem, mas sim outra. É que, antes do penálti, o Barthez fez uma defesa, considerada a melhor do Europeu, a um cabeceamento meu. E esse jornalista francês perguntou-me: ‘Abel, qual seria a sua história e a história de Portugal se o Barthez não tem feito aquela defesa e se a bola tem entrado?’ E eu respondi-lhe: ‘Seguramente Portugal ganharia o Europeu.’ E ganhou mesmo em 2016. Quando viu Portugal ser campeão em França, derrotando a
“ANTES DO PENÁLTI, O BARTHEZ FEZ UMADEFESA, CONSIDERADA AMELHOR DO EURO’2000, A UM CABECEAMENTO MEU”
França na final, pensou em vingança?
AX – Acho que a palavra vingança é subjetiva, mas devo admitir que foi reconfortante. Foi mesmo uma alegria enorme, mas acima de tudo foi reconfortante. Aliás, acho que até houve muita gente a sentir isso por mim (risos). A verdade é que Portugal conseguiu aplicar o punhal a França e a uma geração que nos deu bastantes problemas durante muitos anos. *