Record (Portugal)

A arte do harakiri

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Dias Ferreira disse tudo logo após a última conferênci­a de Bruno de Carvalho dirigida aos sócios do Sporting: “Quando está tudo bem somos especialis­tas a arranjar problemas. Devíamos estar de camarote a assistir ao que se passa nos outros e não a dividir-nos.” A referência dos outros era claramente destinada aos casos que envolvem o Benfica (e-mails e vouchers) e à recente condição de arguido de Luís Filipe Vieira no âmbito da Operação Lex.

Antes daAGde 2 de fevereiro nada fazia prever que o Sporting pudesse entrar numa crise interna, tão audível e intensa, como esta entre Bruno de Carvalho e os seus opositores. Dias antes a equipa tinha celebrado a primeira Taça da Liga da sua história e era líder isolada do campeonato. Com dinheiro, reforços, vitórias em diferentes modalidade­s e a realidade de chegar a fevereiro a lutar em todas as frentes no futebol profission­al. Eram dias felizes em Alvalade. Demais, pelos vistos.

Primeiro: os pontos de discórdia da AG estavam no programa de Bruno de Carvalho e não podem agora causar espanto aos sócios. Os mesmos haveriam de ser apresentad­os. Segundo: o presidente do Sporting tem razão para se sentir revoltado com os ataques pessoais de que ele e os seus são alvo. Terceiro: Bruno de Carvalho, como qualquer outro, não gosta de ser ofendido. Porém, nunca se coibiu de lançar insultos. Afinal, ele próprio faz uma distinção entre sportingui­stas de primeira (os que estão com ele) e sportingad­os (aqueles que não se reveem nas suas ações ou discurso).

Aquilo que ele diz estar asofrer tem uma designação simples: efeito boomerang. Os ajustes de contas facebookia­nos, nos quais é useiro e vezeiro, levaram agora a sua direção a um momento de tudo ou nada. Dia 17 ver-se-á o que acontece. Mas tudo isto era escusado… Tal como Dias Ferreira disse, é a tal tendência para a autoflagel­ação e masoquismo tão comum na história leonina.

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