Record (Portugal)

GRANDE EXIBIÇÃO DE CERVI LEVOU ÁGUIAS A DORMIR NO 1º LUGAR

O campeão não teve o ‘killer instinct’ para matar o jogo. E só depois de sofrer o empate agiu como quem precisava de ganhar para ser feliz

- CRÓNICA DE RUI DIAS

Depois de 45 minutos em que praticamen­te jogou sozinho, o Benfica expôs-se à revolta de um Portimonen­se que fez mais nos primeiros 5 minutos da segunda parte do que em todo o primeiro tempo. A equipa de Rui Vitória marcou cedo, não desistiu de atacar mas foi insensível ao apelo de aproveitar as circunstân­cias para decidir o jogo em tempo útil. Faltou aos encarnados o ‘killer instinct’ das grandes equipas, que o saudoso Bobby Robson tanto referia nos seus comentário­s; a atitude felina de aproveitar as fragilidad­es do antagonist­a para não lhe dar hipóteses de recuperar. O campeão foi dócil com as fraquezas alheias e agiu como se estivesse a ganhar não por um golo, como estava, mas por dois ou três.

De repente, o Portimonen­se cresceu, aproximou-se da baliza de Bruno Varela e foi criando brechas no último reduto encarnado. Foi quando os benfiquist­as entenderam que, afinal, estavam à mercê de um golpe fortuito para verem anulada a supremacia. A equipa enervou-se, perdeu eficácia e, em dois minutos, perdeu o seu melhor jogador (lesão de Jonas) e sofreu o empate. Só então a equipa despertou o instinto de sobrevivên­cia que a atirou para o meio-campo contrário, agindo como se não houvesse outra atitude a tomar para se manter na luta pelo título. Para quem tão pouco bélico se mostrou, é curioso que tenha chegado à vantagem num tiro perfeito de Cervi na transforma­ção de um livre direto.

Só Benfica

Quando inaugurou o marcador, aos 6 minutos, o campeão construiu a situação ideal para se tranquiliz­ar e dominar as emoções de quem jogava, mesmo que a prazo, a liderança da Liga. Não foi a primeira vez na presente temporada que os benfiquist­as entraram a todo o gás, marcaram, deram por terminada a tarefa e acabaram por não ganhar e até perder – no Bessa foi isso que sucedeu. Em Portimão, a equipa nunca abdicou da ideia ofensiva; desacelero­u um pouco, dividiu mais a posse de bola mas nunca esteve em risco de sofrer um golo – o primeiro remate algarvio à baliza de Bruno Varela aconteceu aos 40 minutos e por pouco não saiu pela linha lateral.

A grande verdade é que durante os primeiros 45 minutos, o Benfica esteve a salvo das intenções agressivas do Portimonen­se, mesmo nos momentos em que mais se desarticul­ou e se afastou da baliza de Ricardo Ferreira. Com Fejsa a limpar a sua zona de ação com tremenda eficácia e uma ala esquerda

(Zivkovic e Cervi, muito melhores do que Grimaldo) a funcionar bem, a equipa de Rui Vitória esteve sempre por cima. Pode mesmo dizerse que a primeira parte dos algarvios esteve abaixo dos últimos jogos, muito pela capacidade encarnada em recuperar a bola com muita rapidez, quase sempre em zonas adiantadas, isto é, onde mais condiciona­va o desenvolvi­mento do futebol do adversário.

Sem Jonas e… 1-1

Mesmo superior, o facto é que o Benfica nunca desfez a dúvida quanto ao marcador. Na 2ª parte o Portimonen­se surgiu mais afoito e a mostrar que ainda ia a tempo de discutir o resultado. Os encarnados pareceram incapazes de travar esse ímpeto, razão pela qual a incerteza foi aumentando com o tempo. Aos 64 minutos, Jonas saiu lesionado e, aos 65’, Felipe Macedo empatou o duelo, criando ao adversário uma situação problemáti­ca, a principal das quais ter de voltar a ser afirmativo no domínio das operações, algo que tinha perdido desde o regresso das cabinas. Até ao fim, o campeão comportou-se como quem precisava de lutar para sobreviver e ser feliz: empolgouse, empurrou o adversário e acabou por construir a vitória, selada com um golo de Zivkovic no último lance da partida. *

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