O clube dos ricos
Os milhões que a UEFA colocou em cima da mesa para impedir os clubes mais ricos de avançarem para uma superliga fechada irão mudar a face do futebol. Até agora, a presença na Liga dos Campeões era uma autêntica galinha de ovos de ouro para os clubes, mas tinha uma vantagem: tratava-os de forma mais ou menos justa. Isto é: cada um dos 32 emblemas recebia o mesmo à cabeça e o resto viria pelos resultados desportivos ou pelo valor do seu mercado televisivo, a grande fonte de receita da competição.
A introdução do ranking de 10 anos, que premiará os clubes com melhores resultados da década anterior, altera todo este princípio. Por defeito, os clubes que têm
DIFERENÇA ENTRE ESTAR OU NÃO NA CHAMPIONS PODE SER, PARA OS GRANDES, DE 40 MILHÕES DE EUROS
melhores resultados são os mais ricos. E acabam por ser premiados com ainda mais dinheiro. Para se ter uma ideia: o Real Madrid começará a próxima Champions com mais de 50 milhões de euros garantidos; haverá uma equipa que terá 16,1 milhões. Menos de um terço.
Esta alteração surge logo no ano em que Portugal, devido à queda no ranking de países, perde um dos representantes na Champions. Há três grandes no nosso país, mas apenas dois lugares no clube dos ricos (e um deles não é garantido). Para FC Porto, Benfica ou Sporting, entre estar e não estar há uma diferença que poderá ser superior a 40 milhões de euros.
Alguém se lembra dos contratos de TV assinados pelos grandes? Eram sensivelmente esse valor anual –e todos eles foram considerados históricos para a dimensão do nosso mercado. É uma questão de fazer contas.