Vitória da Liberdade
Benfica precisa de recuperar a frieza de raciocínio. Valor que Vieira sempre se ufanou de cultivar.
O estádio já descria da hipótese de celebrar o título. Os planos da realização televisiva davam caras cada vez mais fechadas, no banco, na tribuna, nas bancadas da claque da casa. Do outro lado, uma equipa poderosa, a mais rica do país, com um treinador de topo, que se mostrava hiperativo, com enorme profissionalismo, para estragar a festa ao rival da capital. Em campo desde os 79 minutos (o mesmo minuto em que entrou na final do Europeu), Éder, no seu jeito desengonçado, fazia-se a todas as bolas possíveis, na busca de ser feliz. E foi, mais uma vez. Agora, aos 87 minutos desata o zero-zero, com um bom golo, num só toque com o pé esquerdo, a responder ao cruzamento rasteiro da direita. Golo de Éder, o Lokomotiv volta a ser campeão, 14 anos depois.
DOMINGOS SOARES DE OLIVEIRA TENTOU FAZER AOS ÓRGÃOS DE INFORMAÇÃO DA COFINA O QUE SÓCRATES LOGROU DURANTE MAIS DE 100 DIAS. ACABOU POR RECUAR...
Éder tem uma história pessoal e profissional exemplar, de menino carenciado de afetos familiares, em Coimbra, a esforçado ponta-de-lança por esse Mundo fora. Fernando Santos saberá o que fazer. Mas esta boa onda, esta persistência de quem sempre tem de se bater para disfarçar a imagem de patinho feio, esta bênção de providência divina não deveriam ser desprezáveis pelas cores portuguesas. Éder tem vocação para golos decisivos. E não há duas sem três.