Record (Portugal)

REI DRAGÃO PASSEOU A COROA

De patinho feio a campeão mais pontuado de sempre do seu historial. O FC Porto inventado por Conceição foi eficiente no fecho de contas

- CRÓNICA DE VÍTOR PINTO

Em finais de julho do ano passado, o FC Porto pisou o relvado do D. Afonso Henriques para o seu primeiro jogo à porta aberta, em Portugal, da pré-temporada. Nessa altura, e apesar da exibição arrasadora que conduziu ao triunfo (2-0) e deixou indicações promissora­s, talvez só Sérgio Conceição acreditass­e que seria possível regressar ao ‘local do crime’, nove meses volvidos, podendo passear em ambiente festivo a coroa de novo rei da 1ª Liga. E, mais espantoso do que isso, estando às portas de consolidar-se como campeão mais pontuado de sempre da história azul e branca, igualando ao mesmo tempo o recorde absoluto do campeonato.

Passou, de facto, muita água por baixo da ponte. Aquele grupo de ‘sacanas sem lei’, rejeitados para quem a glória parecia sempre demasiado distante, afirmou-se como uma equipa sólida e competitiv­a. Um clube sem dinheiro nos cofres, com opções limitadas, mas com uma ânsia de voltar ganhar que a chama do técnico inflamou. O fecho de contas foi eficiente, ainda que ressentind­o-se da tal descompres­são que Sérgio conseguiu minimizar. Como derradeira imagem, dificilmen­te outro lance seria mais fiel para espelhar o que foi o ano portista do que um canto de Alex Telles capitaliza­do de cabeça, neste caso por Marcano.

Exercício de Paciência

A primeira evidência do encontro é que o FC Porto, mesmo demonstran­do vontade de ir para cima do adversário à procura do triunfo, raramente fazia subir o nível de rotações ao ponto de atingir a intensidad­e que agrada ao seu treinador. Mesmo assim, e se calhar com alguma estranheza, as oportunida­des foram surgindo com alguma naturalida­de. Mesmo de forma pausada, os dragões criavam espaços e ameaçavam Miguel Silva, nomeadamen­te com Gonçalo Paciência, autor de quatro remates, a ficar a dever a si próprio a estreia a marcar pela equipa principal. Óli- ver teve espaço para dar qualidade a alguns passes e até tentar rematar, algo em que não foi pródigo durante a época.

Se calhar menos esperada foi a postura do V. Guimarães. Numa partida em que estivessem objetivos em causa, seria expectável, face a exemplos recentes, que José Peseiro procurasse compactar as suas linhas, retirando espaço ao FC Porto e procurando depois explorar as iniciativa­s de Raphinha e Heldon. Só que a velocidade dos extremos nunca carburou e, com Mattheus Oliveira preso a funções de médio-interior em linha com Wakaso, os vitorianos abdicaram

da oportunida­de de tirar partido do ritmo quase recreativo, para os padrões de Sérgio Conceição, que o FC Porto chegou a evidenciar durante algumas fases, levando o técnico a erguer a voz a partir do banco. A predisposi­ção festiva de Felipe ainda deu alguma margem a Rafael Martins, e até Wakaso, de tentarem desfeitear o estreante Vaná, mas em lances que resultaram mais de claros erros de posi- cionamento ou leitura dos portistas, ainda que no primeiro remate do ponta-de-lança, o passe de Raphinha tenha sido brilhante.

Comemoraçã­o assistida

Na era em que os sinais enviados do banco são escalpeliz­ados ao pormenor, Conceição retirou Gonçalo Paciência e lançou Soares, avisando a equipa de que era preciso elevar o nível para alcançar o tal golo que faltava. Como tantas vezes aconteceu, o serviço de urgência de Alex Telles estava de piquete e a sua assistênci­a, através de um canto com mira telescópic­a, deu a Marcano a satisfação de uma despedida inesquecív­el após quatro temporadas de profission­alismo inquestion­ável. O Vitória não se rendeu, mas pouco incomodou. Deu até para, depois de Vaná entrar no onze, Fabiano também ganhar o título. *

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